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EUA condenam ex-magnata das criptomoedas a 25 anos de prisão

28 de março de 2024

Corte de Nova York sentenciou Sam Bankman-Fried por fraude e conspiração em calote de 8 bilhões de dólares contra clientes de corretora de criptomoedas FTX.

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Sam Bankman-Fried
Graduado no prestigioso MIT, Sam Bankman-Fried fez fortuna com criptomoedasFoto: Saul Loeb/AFP

Um tribunal federal em Manhattan, Nova York, sentenciou nesta quinta-feira (28/03) o ex-bilionário das criptomoedas Sam Bankman-Fried a 25 anos de prisão por roubar 8 bilhões de dólares (R$ 40 bilhões) de clientes da agora falida corretora de criptomoedas FTX. Ele foi condenado por fraude e conspiração relacionadas ao colapso da empresa em 2022.

Formado pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), Bankman-Fried aproveitou a explosão nos valores de ativos digitais como o Bitcoin para reunir um patrimônio líquido de 26 bilhões de dólares (R$ 130 bilhões) antes de completar 30 anos, segundo a revista Forbes. Agora, aos 32 anos, ele é autor de uma das maiores fraudes financeiras da história dos Estados Unidos.

A corte rejeitou a alegação de Bankman-Fried de que os clientes da por ele fundada FTX, na verdade, não perderiam dinheiro. O juiz do caso, Lewis Kaplan, o acusou de dar falso testemunho e disse que ele não demonstrou remorso.

"Ele [Bankman-Fried] sabia que era errado", disse Kaplan antes de proferir a sentença. "Ele sabia que era criminoso. Ele lamenta ter feito uma aposta muito ruim sobre a probabilidade de ser pego. Mas ele não vai admitir nada, como lhe é de direito".

Kaplan disse que, com a sentença, pretendia desabilitar Bankman-Fried "na medida do possível por um período significativo de tempo" e deixar claro "que há um risco de que este homem esteja em posição de fazer algo muito ruim no futuro". "E não é um risco trivial de forma alguma."

Segundo Kaplan, os clientes do jovem empresário não teriam o prejuízo inteiramente reembolsado pelo processo de falência.

"A afirmação do réu de que os clientes e credores da FTX serão totalmente pagos é enganosa, é logicamente falha, é especulativa", disse Kaplan. "Um ladrão que leva seu saque para Las Vegas e aposta com sucesso o dinheiro roubado não tem direito a um desconto na sentença usando seus ganhos em Las Vegas para devolver o que roubou."

A derrocada da FTX aconteceu porque a Alameda Research, um fundo de investimento também criado por Bankman-Fried, pegava emprestado recursos de clientes que estavam depositados na corretora.

Quando o caso veio à tona na imprensa, os clientes da FTX passaram a querer sacar seus depósitos por medo de perder o dinheiro. Sem capital suficiente para arcar com a debandada de investidores, a corretora acabou quebrando e dando um calote.

O que disse a defesa de Bankman-Fried

A defesa alegou que Bankman-Fried era um "nerd de matemática esquisito" e tentou distanciá-lo de outros golpistas corporativos notórios, alegando que ele não era um "serial killer financeiro" que decide as coisas por "malícia", mas sim alguém que age por razões matemáticas.

Em um pronunciamento de 20 minutos, Bankman-Fried disse que não teve a intenção de insinuar, por meio de declarações feitas anteriormente, que seus clientes não tinham sofrido.

"Os clientes estão sofrendo. Eu de forma alguma quis minimizar isso", declarou. Ele disse ter errado ao não ter uma equipe de gerenciamento de risco, mas negou que tentou cometer fraude contra alguém ou se apropriar do dinheiro de clientes. O empresário diz que irá recorrer tanto da condenação quanto da sentença.

Pelos crimes cometidos, ele poderia pegar até 110 anos de prisão, mas os promotores que o acusavam pediram uma sentença de entre 40 e 50 anos de prisão.

"O réu vitimou dezenas de milhares de pessoas e empresas, em vários continentes, ao longo de vários anos. Ele roubou dinheiro de clientes que o confiaram a ele; mentiu para investidores; enviou documentos falsificados para credores; injetou milhões de dólares em doações ilegais em nosso sistema político; e subornou autoridades estrangeiras. Cada um desses crimes merece uma sentença longa", argumentaram os promotores em um documento apresentado ao tribunal.

ra/le (Reuters, AP, AFP, ots)