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Especialistas confirmam que quadro de Matisse foi roubado pelos nazistas

13 de junho de 2014

"A mulher sentada", que faz parte do Tesouro de Munique, foi mesmo roubado de uma família judaica. Destino da pintura é incerto depois da morte de colecionador.

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Foto: picture alliance/AP Photo

Um grupo de especialistas confirmou nessa quarta-feira (11/06) que a pintura A mulher sentada, de Henri Matisse, encontrada com o colecionador Cornelius Gurlitt e parte do chamado Tesouro de Munique, foi tomada pelos nazistas de um negociante judeu em Paris.

"Mesmo que não se possa documentar com certeza absoluta em quais circunstâncias Hildebrand Gurlitt [pai de Cornelius] tomou posse da obra, a força-tarefa concluiu que se trata de uma obra saqueada pelos nazistas da propriedade legitima de Paul Rosenberg", declarou Ingeborg Berggreen-Merkel, chefe da força-tarefa criada para avaliar o caso.

A Mulher Sentada foi pintada pelo francês Henri Matisse em meados da década de 1920. O quadro fazia parte da coleção de Paul Rosenberg, um negociante de arte judeu que viveu em Paris. A imagem foi provavelmente roubada pelos nazistas e adquirida por Gustav Rochlitz, que também foi negociante de arte em Paris e tinha uma forte ligação com o líder nazista Hermann Göring. Era Rochlitz quem obtinha obras para Göring. De alguma maneira, a obra foi parar nas mãos de Hildebrand Gurlitt.

Em 2013, a pintura foi encontrada em Munique, no apartamento de Cornelius Gurlitt, filho de Hildebrand, juntamente com diversas outras obras, várias delas suspeitas de também terem sido roubadas. A força-tarefa percorreu arquivos na Alemanha, na França e nos Estados Unidos, além de utilizar fontes históricas, para determinar o legítimo proprietário.

Deutschland Cornelius Gurlitt in München Schwabing
Cornelius Gurlitt doou toda a sua coleção ao Museu de Belas Artes de BernaFoto: babiradpicture

Futuro incerto

Ainda não está claro quando a família Rosenberg vai reaver a obra. Cornelius Gurlitt e seus advogados já haviam iniciado as negociações para a devolução, e elas estavam próximas do fim pouco antes da morte do colecionador, no mês passado, aos 81 anos.

Em março, Gurlitt havia anunciado, por meio de seus advogados, que uma das obras de arte da sua coleção seria devolvida aos legítimos herdeiros. No entanto, outra pessoa requereu a propriedade da obra, e a entrega nunca foi realizada.

Em maio de 2014, o Museu de Belas Artes de Berna, na Suíça, foi informado pelos advogados de Gurlitt de que havia sido constituído único herdeiro do colecionador. O museu ainda não decidiu se vai assumir a herança. Só quando essa decisão for tomada, o futuro da pintura de Matisse poderá ser definido.

"A decisão final cabe exclusivamente ao herdeiro legal de Cornelius Gurlitt. Este havia concordado em fazer as devoluções com base na Declaração de Washington, pouco antes de sua morte. Essa obrigação recai agora sobre os herdeiros", disse Berggreen-Merkel.

MAS/dpa/ots