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Mídia

Escândalo da "Spiegel" pode virar caso de polícia

23 de dezembro de 2018

Influente revista alemã diz que denunciará criminalmente ex-funcionário. Além de falsificar dezenas de reportagens, jornalista teria embolsado doações em dinheiro destinadas a crianças de rua na Turquia.

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Capas empilhadas em cascata da revista mostram nome da publicação: "Der Spiegel"
Escândalo abalou reputação da revista alemã "Der Spiegel", uma das mais prestigiadas da EuropaFoto: picture-alliance/dpa/K. Nietfeld

A influente revista alemã Der Spiegel afirmou neste domingo (23/12) que vai denunciar na polícia seu ex-repórter Claas Relotius, após a revelação de que o jornalista, de 33 anos, não só falsificou dezenas de reportagens, mas também embolsou doações em dinheiro destinadas a crianças orfãs.

Um dos repórteres mais premiados da publicação, Claas pediu demissão do veículo após admitir ter ao longo de vários anos falsificado reportagens e inventado personagens em textos que produziu. Ele ganhou vários prêmios e era reconhecido por suas reportagens investigativas.

A Spiegel disse ter recebido informações de leitores de que Relotius teria iniciado uma campanha, divulgando, através de seu e-mail pessoal, sua conta bancária pessoal e pedindo doações para ajudar crianças órfãs na Turquia. 

O escândalo das reportagens falsificadas foi revelado pela própria Spiegel na quarta-feira, após uma investigação interna.

Ex-repórter da "Spiegel" Claas Relotius
Ex-repórter da "Spiegel" Claas RelotiusFoto: picture alliance/Eventpress

Relotius falsificou histórias e inventou protagonistas em ao menos 14 de quase 60 reportagens publicadas na revista ou no site Spiegel Online. "Esta é talvez a pior crise editorial na Spiegel", afirmou o novo editor-chefe, Steffen Klusmann.

A publicação alertou ainda que outros veículos podem ter sido afetados pelas fraudes. Relotius escreveu para alguns dos maiores jornais do país, como Die Welt, Frankfurter Allgemeine Zeitung e Tageszeitung, ao longo de 11 anos de carreira.

Relotius escrevia para a Spiegel há sete anos, inicialmente como autônomo, tendo sido contratado há um ano e meio, tornando-se, assim, funcionário da publicação.

As falsificações de Relotius começaram a vir à tona após o jornalista Juan Moreno, colega dele na Spiegel, desconfiar da veracidade de detalhes de uma apuração, ao escreverem um artigo a quatro mãos. Moreno rastreou supostas fontes citadas por Relotius na reportagem e descobriu que diversas informações haviam sido inventadas.

MD/afp/epd

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