1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Em Berlim, Union e Hertha disputam supremacia

Gerd Wenzel
Gerd Wenzel
22 de dezembro de 2020

Se antes o Union Berlin foi um forte candidato ao rebaixamento, hoje o clube navega em águas tranquilas e sonha até com uma vaga na Liga Europa. Enquanto isso, seu rival Hertha enfrenta a tormenta de um mar revolto.

https://p.dw.com/p/3n2LS
Jogadores do Union Berlin e do Hertha Berlin em campo, em partida realizada em 4 de dezembro de 2020, no Olympiastadion
O último capítulo da disputa pela supremacia no futebol berlinense ainda está para ser escrito, mas o Union leva vantagemFoto: Odd Andersen/REUTERS

O Union chegou ao futebol de elite apenas no ano passado após algumas tentativas fracassadas nos últimos dez anos. Quando finamente conseguiu um lugar ao sol na primeira prateleira, imediatamente foi apontado por comentaristas esportivos como o mais sério candidato ao rebaixamento. Numa enquete promovida pelo prestigioso portal kicker, 51,4% de mais de 100 mil torcedores do país não tiveram dúvidas. Para eles, o Union Berlin não aguentaria o tranco e voltaria para a segunda divisão em seguida.

Ledo engano. O time não apenas aguentou o tranco, mas obteve uma honrosa 11ª posição na tabela, terminando o campeonato com a mesma quantidade de pontos do Hertha, seu rival local. Além de não ter sido rebaixado, se firmou na classificação geral à frente de adversários tradicionais como, por exemplo, Schalke 04, Colônia e Werder Bremen.

Mesmo tendo feito essa boa campanha, também para a nova temporada que teve início em setembro do ano em curso, muitos continuaram não pondo fé no time comandada pelo técnico Urs Fischer desde julho de 2018. A pesquisa, dessa vez, resultou num resultado um pouco melhor para os Eisernen (ferreiros). Ainda assim, 30% dos fãs não acreditam na permanência da equipe na primeira divisão.

Mais uma vez, nova surpresa. Passadas treze rodadas do atual campeonato, o Union Berlin enche os olhos de sua imensa torcida com um futebol agressivo e audacioso, que lhe rendeu até agora o sexto lugar na tabela, apenas um ponto atrás do Borussia Dortmund, de quem, por sinal, ganhou no último fim de semana. Em partida emocionante, derrotou os irreconhecíveis aurinegros por 2 a 1. A equipe já acumula 21 pontos decorrido pouco mais de um terço da competição, e apenas uma catástrofe sem precedentes na história da Bundesliga vai mandar o Union de volta à Segundona.

Para o Hertha, tormenta

Enquanto o clube do lendário estádio "An der alten Försterei" (velha casa da guarda florestal) navega em águas tranquilas e sonha até com uma vaga na Liga Europa, o seu rival Hertha, do outro lado da cidade, enfrenta a tormenta de um mar revolto. 

O clube foi membro fundador da Federação Alemã de Futebol em 1900, assim como da Bundesliga em 1963. Tradição é o que não falta nesse clube, também conhecido como Die alte Dame  (a velha senhora). Em toda sua longa história conquistou apenas dois títulos de campeão alemão e isto há 90 anos, em 1930 e 1931. Nos últimos dez anos chegou a ser rebaixado em 2010 e novamente em 2012. Desde então perambula pelo setor intermediário da tabela sem alcançar resultados significativos.

Desde julho de 2010, nada mais nada menos do que 11 técnicos já passaram pela "Velha Senhora" e atualmente Bruno Labadia tenta fazer o time engrenar, sem sucesso pelo menos até agora. O Hertha conta com o apoio financeiro do investidor bilionário Lars Windhorst e, por conta de volumoso aporte de capital, investiu aproximadamente 115 milhões de euros na contratação de jogadores. Entretanto, os recém-contratados não trouxeram novos impulsos ao time nem se destacaram por boas apresentações.

Elenco mais caro da história do Hertha

Verdade é que a equipe se encontra no mesmo lugar onde esteve há mais ou menos um ano: envolvida na luta contra o rebaixamento, só que com uma pequena diferença. O atual elenco é o mais caro de toda a história do Hertha, não apenas no que se refere ao valor das aquisições, mas também no que diz respeito aos altos salários.

O time ocupa o 14º posto na tabela, a apenas três pontos da zona da repescagem. É uma equipe instável, em que os jogadores não se entendem e os valores individuais não conseguem formar um conjunto homogêneo. Os recém-chegados ainda não se integraram no time, e os primeiros ruídos na comunicação entre o investidor Lars Windhorst e a diretoria do clube já se fazem ouvir. 

Nos bastidores se levantam dúvidas sobre o técnico Bruno Labadia. Será mesmo o homem certo para esse momento crítico que o time enfrenta? Internamente alguns já se perguntam se Labadia faz parte da solução ou se, na realidade, ele se tornou uma parte significativa do problema.

É certo que o último capítulo da disputa pela supremacia no futebol da capital alemã ainda está para ser escrito. Mas que por enquanto o Union Berlin está levando vantagem, isso está.

--  

Gerd Wenzel começou no jornalismo esportivo em 1991 na TV Cultura de São Paulo, quando pela primeira vez foi exibida a Bundesliga no Brasil. Atuou nos canais ESPN como especialista em futebol alemão de 2002 a 2020, quando passou a comentar os jogos da Bundesliga para a OneFootball de Berlim. Semanalmente, às quintas, produz o Podcast "Bundesliga no Ar". A coluna Halbzeit sai às terças. 

Pular a seção Mais sobre este assunto
Pular a seção Mais dessa coluna

Mais dessa coluna

Mostrar mais conteúdo
Pular a seção Sobre esta coluna

Sobre esta coluna

Halbzeit

Gerd Wenzel começou no jornalismo esportivo em 1991, quando pela primeira vez foi exibida a Bundesliga no Brasil. Na coluna Halbzeit, ele comenta os desafios, conquistas e novidades do futebol alemão.