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E agora? Como fica a Alemanha sem Merkel?

5 de outubro de 2021

[Vídeo] Angela Merkel está de saída, mas ainda pode levar semanas, se não meses, até ela dizer adeus. Construir um novo governo será complicado e repleto de compromissos. A DW explica o que vem pela frente.

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A era Merkel está chegando ao fim. Após 16 anos no governo, Angela Merkel finalmente terá um descanso há muito esperado. No final de setembro, a Alemanha foi às urnas, e o SPD foi o partido mais votado, com 25%. Isso significa que logo daremos tchau para Angela Merkel, e olá para um novo chanceler? Não tão rapidamente.

Como acontece na maioria dos casos na Alemanha, pode haver um longo processo até que um novo chanceler seja eleito. E, desta vez, está tanto nas mãos dos que estão à frente para ocupar a chanceleria, quanto dos poderosos possíveis partidos de coalizão. Então, quem será o próximo chanceler? O que acontecerá com a Alemanha depois de Merkel?

Para que Merkel saia inteiramente do palco, primeiro é preciso haver um novo governo. De acordo com a Grundgesetz – ou Constituição – da Alemanha, o Bundestag, o Parlamento alemão, tem que realizar sua primeira sessão no máximo 30 dias depois das eleições. Os antigos membros do parlamento – incluindo Merkel – continuam no Bundestag até a primeira sessão.

Isso também marca o fim do período da chanceler no cargo. Mas, mesmo aí, Merkel não sairá da chancelaria imediatamente. A pedido do presidente alemão – atualmente, Frank-Walter Steinmeier –, o chanceler que está de saída é obrigado a prosseguir no governo até que seu sucessor seja eleito. 

Geralmente, o novo chanceler é o candidato do partido mais forte, mas este não é sempre o caso. Desta vez, a escolha pode ficar entre o SPD, de Olaf Scholz, e talvez até mesmo a CDU, de Armin Laschet. Esta decisão, em última análise, está nas mãos dos dois partidos que serão os potenciais formadores da coalizão: os Verdes, pró-clima, e o FDP, pró-negócios.

Mas como uma coalizão é formada? Tudo começa com uma Sondierungsgespräche – literalmente, ‘conversa de sondagem’, entre os partidos. Somente se a química funcionar, os partidos chegarão a uma Koalitionsgespräche – uma conversa de coalizão. Duas coalizões parecem mais prováveis: uma opção é a coalizão semáforo. Com o vermelho para os social-democratas, que tiveram a maioria dos votos, o amarelo, para os pró-mercado, e o verde para o Partido Verdes.

Enquanto o SPD e os Verdes podem se entender bem harmonicamente, conseguir a adesão dos Democratas Livres pode ser complicado. O FDP se opõe aos planos do SPD e dos Verdes de tributar os mais ricos, e quer seguir as regras orçamentárias estritas e equilibradas da Alemanha. 

A segunda opção é uma coalizão liderada pelos conservadores – também com os Verdes e o FDP. Ela é conhecida como coalizão Jamaica, novamente, pelas cores dos partidos. Não é segredo que o FDP preferiria uma coalizão Jamaica a um arranjo de semáforo. No cenário da Jamaica, os Verdes seriam os mais difíceis de convencer – especialmente em relação ao cumprimento das metas climáticas da Alemanha. Os Verdes também defendem mais gastos públicos do que a CDU/CSU e o FDP. 

Mas, paralelamente, as conversas bilaterais entre Verdes e FDP já começaram. Em última análise, são esses partidos que vão influenciar a escolha do sucessor de Merkel. Formar uma coalizão exigirá muitos compromissos – e cada partido estará lutando por seus próprios interesses. Mas o que acontece se as negociações falharem? 

Bem, foi exatamente isso que aconteceu em 2017, depois das últimas eleições federais. O líder do FDP, Christian Lindner, deixou as negociações com os conservadores e os Verdes por não estar satisfeito com o acordo proposto. Depois de quase seis meses de idas e vindas, a política na Alemanha estava quase paralisada. E depois de tudo isso, a Alemanha ainda terminou com uma outra Grande Coalizão entre os conservadores e o SPD, o mesmo que na legislatura anterior.

Se as negociações realmente chegarem a um impasse, um governo minoritário é possível. Mas eles sempre foram evitados, em nome da estabilidade. E se há uma coisa que a Alemanha ama é estabilidade. O último recurso seriam novas eleições. Mas isso é altamente improvável. E aí está: pode haver algumas noites longas, semanas, se não meses pela frente. Só é possível ter certeza de uma coisa: haverá um homem na chancelaria. 

Se as negociações se arrastarem, e Merkel ficar no cargo até meados de dezembro, ela se tornará a chanceler mais longeva da Alemanha. Quando ela sair, isso marcará o fim de uma era e o início de uma nova. Mais provavelmente, com mais partidos representados no governo. E isso significa ainda mais negociações e compromissos na política alemã no futuro.