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Dois anos marcados por planos de reforma e Iraque

Rainer Sutfeld (rw)28 de dezembro de 2004

Em entrevista à DW-RADIO, embaixador na ONU faz balanço positivo dos dois anos da Alemanha como membro não-permanente do Conselho de Segurança.

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Pleuger representou Berlim no Conselho de Segurança da ONUFoto: AP

No final deste ano, encerra-se o mandato de dois anos da Alemanha como membro não-permanente do Conselho de Segurança (CS). Crises não faltaram neste período, seja no Afeganistão, Sudão, Serra Leoa, Congo ou Costa do Marfim. O tema principal, no entanto, foi o potencial de agressão do Iraque e a subseqüente invasão deste país liderada pelos Estados Unidos.

A Alemanha havia assumido o mandato rotativo no poderoso CS em 1º de janeiro de 2003. Seu representante foi − e continua sendo − o embaixador alemão nas Nações Unidas, Gunter Pleuger, de 62 anos. Sob delicadas circunstâncias diplomáticas, Pleuger atuou como porta-voz da política pacifista de Berlim em Nova York.

Superada a crise com os Estados Unidos em relação ao conflito no Iraque, Pleuger fez da reforma do Conselho de Segurança sua meta principal, exigindo um mandato permanente para a Alemanha. Num balanço do governo na semana passada, Berlim sublinhou a imagem positiva da Alemanha nos últimos dois anos junto ao CS. "Algumas vezes chegamos a ser tratados como um dos cinco membros permanentes", salientou um porta-voz.

Consenso contra resolução pela guerra

Em entrevista à DW-RADIO, Pleuger falou sobre altos e baixos de seu trabalho nos últimos dois anos. "O auge deste período com certeza foi o debate em torno do Iraque. Todos os membros do Conselho de Segurança estavam conscientes de que se tratava de uma questão de paz ou guerra, envolvendo também a credibilidade das Nações Unidas e do Conselho de Segurança", lembra.

Nos primeiros meses do mandato alemão no centro de poder da ONU, o embaixador Pleuger realizou uma verdadeira façanha diplomática, ao unir todos os dez membros não-permanentes para impedir a aprovação de uma resolução (para isso são necessários nove dos 15 votos do Conselho).

O Conselho de Segurança tem cinco membros permanentes com poder de veto − EUA, Grã-Bretanha, França, China e Rússia. Outros dez países recebem um mandato de dois anos no órgão. Os Estados Unidos e a Grã-Bretanha acabaram invadindo o Iraque mesmo sem uma legitimação da ONU, mas Pleuger acredita que isto não prejudicou a tarefa de mediador do Conselho.

"Onde estaríamos hoje, não fosse a intervenção das Nações Unidas no mundo − na África, nas regiões em crise do Oriente Médio e dos Bálcãs", questiona o diplomata alemão. Conflitos como o da Libéria e do Haiti foram apaziguados, mas a situação continua grave na Costa do Marfim, Congo e Darfur, acrescenta.

Em abril último, ele próprio havia colocado a crise no Sudão na ordem do dia em Nova York. Mesmo assim, questiona a eficácia das resoluções: "As sanções funcionam como alavanca nas negociações somente enquanto são uma ameaça. Depois de impostas, termina a negociação".

Preparando terreno para a reforma

O representante da diplomacia alemã em Nova York está muito satisfeito com os êxitos dos últimos dois anos. Ele sabe que poliu a imagem do país no cenário internacional, preparando terreno para a reforma do Conselho de Segurança. Uma reforma que pode significar uma vaga permanente, com direito a veto, conforme reivindica o chefe de governo alemão, Gerhard Schröder.

As Nações Unidas têm ainda sete meses para analisar as sugestões de reformas, entregues ao secretário-geral Kofi Annan no início de dezembro. Uma das mudanças defendidas pela Alemanha é a ampliação do CS, com a admissão, inicialmente, de seis novos membros com direito de veto. São sete meses para convencer dois terços dos 191 membros.

Entre os principais adversários das ambições alemãs está a Itália, mas isto não intimida Pleuger. "Naturalmente que existem muitas maneiras e truques para bloquear as reformas, mas nós também conhecemos estes truques", afirma.

Flüchtlinge aus dem Sudan in Tschad
Refugiados sudaneses no ChadeFoto: AP
Panzer der USA auf dem nach Baghdad
Guerra começou em março de 2003Foto: AP