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Correligionários de Merkel ameaçam bloquear projetos

10 de fevereiro de 2018

Ala empresarial de deputados da CDU no Parlamento alemão também não está satisfeita com novos termos da aliança com social-democratas para formação do governo.

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Koalitionsverhandlungen von Union und SPD
Foto: picture-alliance/Zumapress/Shan Yuqi

Não são apenas as divisões no Partido Social-Democrata (SPD) que ameaçam os planos de coalizão da chanceler federal Angela Merkel.

Agora, a ala empresarial do próprio partido da chefe de governo, a União Democrata-Cristã (CDU), anunciou neste sábado (10/02) que pretende bloquear alguns dos projetos incluídos no acordo de coalizão que foi fechado nesta semana com o SPD.

O deputado da CDU Christian von Stetten disse que legisladores no parlamento - e não os negociadores da coalizão - é que a têm a palavra final sobre as políticas. Ele ainda lembrou que os deputados da CDU ganharam mais influência individual desde as eleições do ano passado porque as duas partes da coalizão perderam espaço e agora possuem apenas uma leve maioria.

"O acordo de coalizão não é a Bíblia", disse von Stetten ao jornal alemão Augsburger Allgemeine. "Como grupo parlamentar para empresas de médio porte, podemos garantir que essas coisas bem intencionadas, mas que não foram cuidadosamente pensadas, podem ser enfrentadas e corrigidas".

Von Stetten tem criticado o fato de Merkel ter cedido o Ministério das Finanças ao SPD, um partido de centro-esquerda, segundo as condições do acordo para fechar a coalizão.

A maioria dos deputados da CDU pertence à ala empresarial, que defende as pequenas e médias empresas.

Merkel, que pretende cumprir um quarto mandato como chanceler se o acordo da coalizão for mantido, também vem enfrentando críticas da ala jovem de seu partido e de outras figuras que avaliam que ela fez muitas concessões ao SPD.

Von Stetten disse que prefere um governo minoritário liderado por conservadores do que acordo de coalizão que Merkel fechou com o SPD na quarta-feira.

Crise no SPD

A chanceler está ansiosa para conseguir formar um governo e acabar com mais de quatro meses de limbo político na maior economia da Europa. A paralisia política tem suscitado preocupação entre os parceiros da União Europeia, que esperam pela liderança de Berlim em desafios como a reforma da zona euro e o Brexit.

Os social-democratas também enfrentam um cenário adverso depois que seu líder, Martin Schulz, abandonou na sexta-feira (09/02) seus planos de se tornar o próximo ministro das Relações Exteriores da Alemanha e ainda anunciou que vai deixar a chefia do partido. Ele disse que espera que a decisão reforce o apoio entre os membros do SPD para o acordo de coalizão.

Os 464.000 membros do partido devem aprovar o acordo em votação pelo correio. Os resultados serão divulgados em 4 de março.

Schulz, de 62 anos, foi bastante criticado por voltar atrás em sua promessa durante a campanha de que não faria parte de um governo liderado por Merkel. Ele inicialmente se opôs até a mais uma coalizão com a CDU apenas para se tornar um dos principais defensores de uma nova aliança.

A ala jovem do SPD está fazendo campanha contra a coalizão, argumentando que a insatisfação com a última aliança – que governou a Alemanha de 2013 a 2017 – acabou provocando o pior resultado eleitoral do SPD desde 1933.

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JPS/rt