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Com Milei no poder, Argentina desiste de entrar no Brics

29 de dezembro de 2023

Decisão do novo governo argentino foi formalizada em carta enviada aos líderes de Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Bloco em processo de expansão representa 23% do PIB e 18% do comércio mundial.

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O presidente argentino Javier Milei acena e sorri enquanto ostenta a faixa presidencial
Javier Milei já havia dito, durante a campanha, que não se alinharia a "comunistas".Foto: Agustin Marcarian/REUTERS

O presidente da Argentina, Javier Milei, informou aos líderes do Brics que seu país não fará parte do bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.

A decisão foi formalizada em cartas enviadas em 22 de dezembro ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e seus homólogos da África do Sul, Cyril Ramaphosa; da China, Xi Jinping; da Rússia, Vladimir Putin; e ao primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi.

"Não consideramos oportuna a incorporação da República Argentina ao Brics como membro pleno a partir de 1º de janeiro de 2024", consta do documento.

O bloco representa mais de 42% da população mundial e 30% do território do planeta, além de 23% do Produto Interno Bruto (PIB) e 18% do comércio mundial. Também reúne os dois maiores parceiros comerciais dos argentinos: China e Brasil.

Milei, que assumiu o cargo em 10 de dezembro, justifica a decisão com base em diferenças na "abordagem em relação à política externa" entre o governo dele e o de seu antecessor, o peronista Alberto Fernández. "Algumas decisões tomadas pela gestão anterior serão revisadas."

Durante a campanha, o populista de direita e autointitulado "anarcocapitalista" já havia declarado sua intenção de manter a Argentina fora do Brics, bem como seu alinhamento geopolítico com Estados Unidos, Israel, União Europeia e o que chamou de "mundo livre" em detrimento de "comunistas".

Rejeitado por Milei, Brics é cortejado por diversos países

O convite à Argentina veio após uma cúpula do Brics em Joanesburgo, em agosto, atendendo a um desejo do Brasil, que corre o risco de perder poder e influência sobre o bloco perante Rússia e China com a chegada de novos membros que também foram chamados a juntar-se ao grupo: Arábia Saudita, Egito, Etiópia, Emirados Árabes Unidos e Irã.

A fila de países que querem se juntar ao bloco é grande. Em agosto, além dos novos membros, outros 17 países haviam se candidatado formalmente ao grupo.

Enquanto vem lutando para concretizar seu potencial econômico, o Brics se projeta como uma alternativa geopolítica a uma ordem mundial liderada pelos EUA, posicionando-se como representante do Sul Global.

A Rússia lamentou a decisão de Milei. "Da minha parte, só posso lamentar a oportunidade perdida por Buenos Aires", afirmou à agência de notícias estatal Ria Novósti o chefe do comitê de relações internacionais da Duma, a Câmara de Deputados russa, Leonid Slutsky.

A economia argentina sofre com graves desequilíbrios e tem poucas reservas monetárias, precisa urgentemente aumentar a entrada de moeda estrangeira.

ra/le (EFE, AFP, DW, ots)