1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Com a preferência de Hollande, Siemens entra na disputa pela Alstom

28 de abril de 2014

Governo francês mostra desconfiança em relação a uma incorporação de partes da Alstom pela concorrente norte-americana e escancara preferência pela oferta alemã.

https://p.dw.com/p/1BpQi
Foto: ERIC PIERMONT/AFP/Getty Images

A empresa alemã Siemens entrou na disputa com a americana General Electric (GE) pela francesa Alstom. Executivos da Siemens se reúnem nesta segunda-feira (28/04) com o presidente francês, François Hollande, para conversar sobre a oferta alemã.

Depois de a General Electric (GE) ter proposto comprar parte da companhia francesa, a multinacional alemã manifestou interesse em assumir ativos da Alstom para impedir que esta seja parcialmente adquirida pela concorrente americana.

Segundo uma carta do presidente-executivo da Siemens, Joe Kaeser, ao presidente da Alstom, Patrick Kron, os alemães aceitariam ceder sua divisão de trens de alta velocidade aos franceses, em troca do setor de energia destes. Se essa oferta virar realidade, os famosos trens ICE passariam para a Alstom, que já fabrica o TGV.

"A direção da empresa alemã será recebida por Hollande", afirmou na manhã desta segunda-feira o ministro francês da Economia, Arnaud Montebourg, à emissora de televisão RTL, acrescentando que ele também participa da reunião. No mesmo dia, o presidente francês recebe o diretor executivo da GE, Jeffrey Immelt.

Tanto a Siemens como a GE estão declaradamente interessadas na aquisição de partes do grupo francês, sobretudo na divisão de energia. O governo francês pode se envolver nas negociações por ter um poder de veto no setor de energia.

Oferta da Siemens

O grupo alemão estaria disposto, no caso de uma compra de parte da Alstom, a dar uma garantia de emprego para funcionários da empresa francesa de pelo menos três anos, segundo a carta de Kaeser a Kron, citada por vários jornais e agências de notícias.

Através do negócio oferecido pela Siemens poderiam ser criadas duas "fortes campeãs europeias", observa o texto. A Siemens estaria interessada sobretudo no setor de energia. O valor da transação estaria entre 10 bilhões e 11 bilhões de euros, de acordo com a mensagem de Kaeser. Uma opção citada é que, em contrapartida, a Siemens passe à Alstom seu setor de trens de alta velocidade.

Os alemães também deixaram claro que vão levar em consideração os interesses franceses no setor de energia nuclear.

O governo francês não esconde sua preferência pela oferta alemã. Montebourg destacou que a Siemens propõe a criação de duas empresas líderes, "uma alemã no setor de energia e uma francesa no setor de transportes" e que o governo prefere sair da negociação com uma "campeã mundial do 'Made in France'".

Decisão até quarta-feira

Na quinta-feira passada, notícias sobre uma proposta de aquisição da divisão de energia da Alstom pela GE fizeram as ações da empresa francesa disparar. O setor de energia é responsável por cerca de 70% das atividades do grupo. Segundo a mídia, a GE estaria oferecendo pelos ativos de energia cerca de 9,5 bilhões de euros.

Frankreich Präsident Francois Hollande
Hollande recebe executivos das empresas interessadasFoto: Reuters

Há dez anos, quando a Alstom estava à beira da falência, o governo francês bloqueou uma aquisição de ações da Alstom pela Siemens.

Na semana passada, o governo Hollande se mostrou crítico em relação à aquisição de parte da Alstom pela GE, temendo perda de postos de trabalho na França. "Se grande parte da Alstom passar a ser dirigida a partir dos EUA, isso será inaceitável", afirmou Montebourg.

O ministro francês frisou que não vai permitir que uma "decisão apressada" seja tomada sem antes analisar alternativas favoráveis ao "interesse da nação", devido à importância estratégica da Alstom para a indústria e economia do país.

No domingo à noite, Hollande havia discutido o assunto com Montebourg, o primeiro-ministro Manuel Valls e a ministra da Energia, Ségolène Royal. A Alstom anunciou, em breve comunicado, que vai se pronunciar sobre as ofertas até quarta-feira.