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PolíticaMianmar

Birmaneses desafiam militares para proteger ativistas

13 de fevereiro de 2021

Notícias de que Forças Armadas planejariam prender oposicionistas em batidas noturnas levam multidões a ruas de Mianmar, em desobediência civil. Junta militar instala hotline para denúncia de funcionários ativistas.

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Manifestantes em Mianmar
Golpe de 1º de fevereiro derrubou governo civil de Aung San Suu KyiFoto: AP/picture alliance

Multidões de cidadãos desafiaram o toque de recolher em Mianmar na noite da sexta-feira para sábado (13/02), em reação a boatos de que a polícia estaria prestes a lançar uma nova onda de batidas contra opositores do golpe militar de 1º de fevereiro.

A onda de desobediência civil começou algumas horas após o fim do sétimo dia seguido de protestos em âmbito nacional. Grupos de vizinhos se coordenaram para impedir as detenções dos ativistas, apesar do banimento do Facebook pela junta militar que derrubou o governo civil. A conselheira de Estado birmanesa, Nobel da Paz Aung San Suu Kyi, se encontra em prisão domiciliar desde então.

Notícias sobre as intenções das forças de segurança circularam amplamente nas redes sociais, com memes como "Nossas noites não são mais seguras" e "Militares de Mianmar estão sequestrando cidadãos à noite".

No polo comercial Yangon, a população foi convocada a ir às ruas e protestar batendo panelas e frigideiras, ação tradicionalmente associada no país com a exorcização do mal. "Não sabíamos quem ia ser levado, mas quando escutamos o barulho, saímos para nos juntar a nossos vizinhos", comentou a negociante Tin Zar à agência de notícias AFP, acrescentando: "Mesmo que eles atirem, não temos medo."

Recitando uma oração budista de proteção, um grupo invadiu um hospital da cidade de Pathein, 190 quilômetros a oeste de Yangon, seguindo alegações de que um médico local seria detido. "Se eu tiver problemas, vou pedir a ajuda de vocês", prometeu o doutor Than Min Htut aos apoiadores, fazendo a saudação com três dedos simbólica da resistência ao golpe.

Linha direta para denúncias

Em comunicado, a iniciativa de monitoração Associação de Assistência a Presos Políticos afirma: "Familiares ficam sem conhecimento das acusações, locação ou condição de seus entes queridos. Não se trata de incidentes isolados, e batidas noturnas têm tomado vozes dissidentes como seu alvo. Isso está acontecendo por todo o país."

Na sexta-feira, o Escritório do Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos (EACDH) informou terem sido presos em Mianmar, desde o início do golpe, mais de 350 indivíduos, incluindo funcionários públicos, ativistas e monges. Alguns enfrentam acusações criminais de "bases duvidosas".

Os protestos prosseguem neste sábado na capital Naypyitaw, em Yangon, na segunda maior cidade Mandalay e outras. Entre os manifestantes estão grupos de profissionais das áreas de aviação e de saúde, engenheiros e professores de escola.

O comandante-supremo Min Aung Hlaing, que encabeçou o golpe, advertiu aos funcionários públicos birmaneses para que voltem ao trabalho. O novo regime estabeleceu uma linha telefônica direta para denúncia de empregados governamentais que participem das manifestações.

av (Reuters, AFP)