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Ciclismo internacional tenta recomeço após escândalo Armstrong

25 de janeiro de 2013

As confissões de doping do ex-herói norte-americano ainda ecoam no mundo do ciclismo, que tenta um recomeço com a nova temporada de competições.

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Foto: picture alliance/dpa

Nestes dias, quando tem início a temporada dos campeonatos de ciclismo no Hemisfério Sul, inicia-se também a primeira temporada da era pós-Armstrong. Enquanto o ex-herói faz um balanço de seus tropeços em sua casa, no Texas, o mundo do ciclismo volta rapidamente os olhos para a Austrália e a Argentina, onde as primeiras competições já começaram. Espera-se que tudo volte a girar em torno do esporte em si, das vitórias, das etapas, dos pontos, das classificações.

Porém, o ciclista alemão Tony Martin duvida que seja assim tão fácil. O campeão mundial de contrarrelógio teme que, depois das confissões de doping por parte de Armstrong, o ciclismo profissional sofra mais retrocessos. "Agora muitos patrocinadores irão repensar suas participações", afirmou Martin ao jornal esportivo Sport Bild.

Para os ciclistas profissionais, a questão é a própria sobrevivência. "É triste termos que pagar pelos pecados de Armstrong. Quando até mesmo um patrocinador de longo prazo como o Rabobank sai de cena, significa que a situação é crítica", salienta.

A equipe do Rabobank existiu com diferentes patrocinadores desde 1984. Em fins de 2012, o banco encerrou sua participação no ciclismo. O motivo foi o caso de doping envolvendo o espanhol Carlos Barredo e os escândalos em torno de Armstrong. Em janeiro de 2013, três ex-corredores da equipe do Rabobank confessaram também terem praticado doping: Marc Lotz, Danny Nelissen e, recentemente, Thomas Dekker.

Mark Cavendish: concorrência interna

No cenário atual, o britânico Mark Cavendish, quer, pelo que tudo indica, demonstrar a qualquer custo que poderá alcançar resultados melhores do que em 2012. Ele venceu a primeira etapa da Tour de San Luis, na Argentina, competindo pela equipe Omega Pharma-QuickStep. No ano passado, ainda corria pela superpoderosa equipe Sky, mas teve que se submeter à liderança de Bradley Wiggins, um vencedor da Volta da França, tendo, ao final, encerrado seu contrato antecipadamente.

O próprio Wiggins, porém, continua enfrentando uma forte concorrência dentro da equipe da Sky, mesmo depois da saída de Cavendish. Chris Froome, que em 2012 chegou a ser mais rápido que Wiggins na posição de seu ajudante, manifestou o desejo de ocupar o posto de capitão na 100ª Volta da França, em meados do ano.

Tour de San Luis in Argentinien 2013
Depois de despedida da Sky, Cavendish vence na ArgentinaFoto: picture alliance/Augenklick/Roth

Knees revida acusações de Armstrong

Não importa se para Wiggins ou Froome, um dos "ajudantes de ouro" da próxima Volta da França deverá ser Christian Knees. Embora não escape ileso ao caso Armstrong, ele olha com otimismo para o futuro. Knees revida as acusações de Armstrong de que, na sua época, quase todos os ciclistas faziam uso de doping.

"Não se deve partir do que se faz para fazer afirmações sobre os outros. Meu melhor resultado em uma Volta da França foi o 20° lugar, em 2009 [ano em que Armstrong ficou em 3°]. E posso declarar de consciência tranquila que esse foi um resultado limpo", escreveu Knees em seu site.

Já o sprinter alemão André Greipel iniciou a temporada a todo vapor, tendo vencido a primeira corrida da Tour Down Under, na Austrália. Em 2012, o alemão comemorou três vitórias de etapas na Tour, celebrando o ano mais bem-sucedido de sua carreira. Aos 30 anos de idade, Greipel – chamado de "gorila" por causa de seus fortes músculos – parece estar com tudo.

Outro alemão, Marcel Kittel, poderá causar furor no mundo do ciclismo após as lesões e decepções de 2012. "Estou buscando uma revanche para o último ano. Meu objetivo é vencer os melhores do mundo", afirmou Kittel.

Tour de France 2012 8. Etappe Schweiz Bradley Wiggins Gelbes Trikot
Em 2012, esquipe da Sky predominouFoto: AP

UCI enfrenta pressão

E parece que a União Ciclística Internacional (UCI) também continuará ocupando as manchetes dos jornais. Depois que as investigações das autoridades norte-americanas antidoping terem levantado a suspeita de que a UCI possa ter sido subornada por Armstrong com "doações", o presidente de honra da organização, Hein Verbruggen, afirmou ter alertado Armstrong e outros ciclistas profissionais sobre os resultados suspeitos de seus exames de sangue.

Aparentemente uma medida de intimidação para evitar testes de doping positivos. "Você talvez consiga convencer o ciclista a não praticar mais doping. Talvez não", afirmou Verbruggen ao semanário holandês Vrij Nederland.

Diante dessa visão bem peculiar do combate ao doping, não é nada surpreendente que nos últimos meses tenha se formado uma oposição à UCI. Change Cycling Now é o nome promissor de um pequeno grupo de revolucionários, dispostos a derrubar a cúpula da UCI e que já conta com 6 mil adeptos.

Quem encabeça o movimento é Greg LeMond, tricampeão da Volta da França e candidato confesso ao cargo de presidente da UCI. O norte-americano foi, durante anos, um dos poucos adversários diretos de Armstrong no ciclismo profissional, tendo os dois se enfrentado tanto verbalmente quanto na Justiça. LeMond pode ser visto como uma figura simbólica confiável para um verdadeiro recomeço no ciclismo internacional.

Autor: Joscha Weber (sv)
Revisão: Luisa Frey