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Brasil tem no máximo três opções de vacina, diz Pazuello

2 de dezembro de 2020

Ministro da Saúde afirma que poucas farmacêuticas atendem às necessidades do país em termos de cronograma e quantidade de doses. Quando aprovada, vacinação começará com profissionais de saúde, idosos e indígenas.

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O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, em foto de 15 de julho de 2020 em Brasília
Pazuello participou de audiência na comissão mista do Congresso que acompanha ação do governo na pandemiaFoto: Getty Images/A. Anholete

O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, afirmou nesta quarta-feira (02/12) que são no máximo três as opções de empresas farmacêuticas desenvolvedoras de vacinas contra a covid-19 que atendem às necessidades do Brasil, em termos de cronograma e quantidade suficiente de doses.

"Ficou muito óbvio que são muito poucas as fabricantes que têm a quantidade e o cronograma de entrega efetivo para o nosso país. Quando a gente chega ao final das negociações e vai para o cronograma de entrega e fabricação, os números são pífios", disse o ministro. "Números de grande quantidade, realmente, se reduz a uma, duas, três ideias. A maioria fica com números muito pequenos para o nosso país."

Pazuello participou, durante a manhã, de uma audiência pública na comissão mista do Congresso que acompanha as ações do governo no combate à epidemia de covid-19.

Aos parlamentares, ele frisou que o ministério busca uma vacina segura, eficiente e de excelência contra o coronavírus, e que só serão aplicados imunizantes registrados na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), "com todos os protocolos cumpridos de maneira correta".

Segundo o ministro, 15 milhões de doses da vacina desenvolvida pela empresa AstraZeneca em parceria com a Universidade de Oxford deverão chegar ao país entre janeiro e fevereiro de 2021, a partir de um acordo firmado com a Fiocruz.

"E no primeiro semestre chegaremos a 100 milhões de doses. No segundo semestre, já com a tecnologia transferida pronta, nós poderemos produzir com a Fiocruz até 160 milhões de doses a mais. Só aí são 260 milhões de doses", explicou.

Até o momento, o governo federal já firmou acordos para a compra de quase 143 milhões de doses de imunizante no primeiro semestre. Dessas, 100,4 milhões são da parceria entre AstraZeneca, Oxford e a Fiocruz, e outras 42,5 milhões são parte do consórcio Covax Facility, que reúne empresas e governos de diversos países.

Nas últimas semanas, funcionários do Ministério da Saúde receberam representantes de outros laboratórios que possuem vacinas em estágio avançado de pesquisa clínica, como Pfizer/Biontech e Moderna, mas as negociações ainda não renderam acordos.

"Há uma competição de produção, de venda, uma campanha publicitária muito forte. Então, uma produtora lança uma campanha publicitária de que já fez, está pronto, está maravilhoso. Quando você vai apertar, a história é bem diferente, como tudo na vida", disse o ministro.

"Na hora que você vai efetivar a compra, vai escolher, não tem bem aquilo que você quer, o preço não é bem aquele e a qualidade não é bem aquela. Então, quando a gente aperta, as opções diminuem bastante", acrescentou.

Governo estaduais também firmaram parcerias próprias. São Paulo, sob o governador João Doria, desafeto do presidente Jair Bolsonaro, fechou acordo com a empresa chinesa Sinovac para a vacina Coronavac. Já os governos do Paraná e da Bahia têm parceria com o Instituto Gamaleya, da Rússia, para a Sputnik V.

Nenhuma dessas vacinas obteve ainda a autorização da Anvisa para distribuição e aplicação no Brasil.

Obrigatoriedade da vacina

Pazuello também reafirmou que, se depender do governo, a população não será obrigada a se imunizar contra o coronavírus.

"Nossa estratégia será a de não obrigatoriedade da vacina. Trabalhar com campanhas de conscientização, trabalhar com disponibilidade em todas as pontas e trabalhar pelo padrão da vacina: uma vacina campeã, uma vacina com resultados, sem [efeitos] colaterais. Só passará por nós a vacina com essa excelência", afirmou.

Mas o governo terá que esperar a posição do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a questão. A partir do dia 11, a Corte vai julgar em plenário virtual duas ações que tratam da obrigatoriedade da vacinação contra a covid-19.

Sob a relatoria do ministro Ricardo Lewandowski, em uma das ações o PDT quer garantir a competência de estados e municípios para decidir sobre o tema. Em outra ação, o PTB, partido aliado do governo, quer que o STF determine a não obrigatoriedade da imunização.

Prioridade de vacinação

Na terça-feira, o Ministério da Saúde lançou seu plano inicial para a vacinação da população, que terá quatro fases. Em cada etapa serão atendidos determinados tipos de públicos, escolhidos a partir do risco da evolução para quadros graves diante da infecção, da exposição ao vírus e de aspectos epidemiológicos da manifestação da pandemia no país.

A primeira fase vai priorizar profissionais de saúde, pessoas com mais de 75 anos, idosos em instituições de longa permanência, como asilos, e indígenas.

Na segunda fase, a imunização será focada nos idosos de 60 a 74 anos. Pacientes a partir de 60 anos são considerados grupo de risco pelo risco maior de a contaminação resultar em morte.

Na terceira fase estarão pessoas com doenças preexistentes, condições que também favorecem um agravamento do quadro. Entre as doenças crônicas incluídas nesse grupo estão as cardiopatias e doenças renais crônicas.

A quarta fase vai focar em professores, forças de segurança, trabalhadores do sistema prisional e pessoas privadas de liberdade.

Segundo o governo, o conjunto desses segmentos soma 109,5 milhões de pessoas, que deverão receber, cada uma, duas doses da vacina. O ministério não forneceu informações sobre os planos para a vacinação do restante da população.

EK/abr/ots