Neste ano, Jair Bolsonaro é uma das estrelas dos festejos carnavalescos de Colônia. Entre as atrações no tradicional desfile da próxima segunda-feira (24/02), ponto alto do Carnaval da cidade no oeste da Alemanha, está um carro alegórico com um boneco do presidente brasileiro, segurando a bandeira do Brasil atada a um palito de fósforo tamanho família e exibindo um largo sorriso, diante de árvores carbonizadas e sambistas seminuas e chamuscadas.
"Esse é meu carro preferido", derrete-se Holger Kirsch, diretor do desfile, em entrevista ao jornal local Kölner Stadt-Anzeiger. A alegoria, crítica bem-humorada às queimadas na Amazônia, deve produzir fumaça literalmente. "Nós trabalhamos com verdadeiras sacas de café e ainda instalamos um sistema de tubulação para que fumegue bastante", acrescentou.
Essa não é a primeira vez que o presidente brasileiro é alvo do humor alemão. Em agosto, ele foi ridicularizado em horário nobre num programa humorístico transmitido pela principal rede de televisão pública da Alemanha, que criticou as políticas ambientais e agrícolas de Bolsonaro e chamou presidente de o "boçal de Ipanema".
A sátira política sempre foi um dos pratos principais dos desfiles carnavalescos alemães, em cidades como Colônia, Mainz ou Düsseldorf.
"Nosso mundo está mais político do que nunca – então, nossos carros alegóricos também o são", afirmou Kirsch ao jornal Bild. O tabloide informa que os 26 carros alegóricos do desfile deste ano em Colônia trazem, ao todo, representações de 14 políticos.
Xi Jinping, Boris Johnson, Putin e líder norte-coreano Kim Jong-un em carro carnavalesco em Colônia
Diferentemente do que ocorre nos sambódromos de Rio e São Paulo, as atrações carnavalescas alemãs não são segredos revelados somente na hora do desfile. As alegorias de Colônia foram apresentadas nesta semana a membros da imprensa.
O presidente russo, Vladimir Putin, seu colega chinês, Xi Jinping, o premiê britânico, Boris Johnson, o líder norte-coreano, Kim Jong-un, e o presidente dos EUA, Donald Trump, também são atrações em 2020.
As figuras da política alemã, logicamente, também não podem faltar. Uma das alegorias exibe a chanceler federal alemã, Angela Merkel, junto à sua colega da União Democrata Cristã (CDU), Annegret Kramp-Karrenbauer, que comunicou recentemente sua renúncia como chefe do partido.
Outro carro mostra uma múmia representando o Partido Social-Democrata (SPD), que tenta ressuscitar dos mortos. A legenda, que integra a coalizão do governo alemão, enfrenta há anos forte tendência de queda nas pesquisas de intenção de voto.
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O Carnaval alemão
O dia delas
Na Alemanha, no primeiro dia dos festejos de Carnaval quem manda são elas. É a chamada "quinta-feira das mulheres" (Weiberfastnacht). Nesse dia, elas recebem a chave da prefeitura e saem pelas ruas fazendo festa. A tradição remonta à primeira metade do século 19, quando um grupo de mulheres da cidade de Beuel (hoje um bairro de Bonn) resolveu se divertir da mesma forma como faziam seus maridos.
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A abertura oficial
Apesar da maior expressão do Carnaval acontecer a partir de quinta-feira, a abertura oficial da festa é realizada muito antes, no ano anterior: em 11 de novembro, às 11h11. Nas cidades próximas ao Reno, o período de festas é regado a cervejas, especialmente a cerveja regional, Kölsch, músicas típicas, fantasias e doces desde o primeiro dia.
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Beijos por todo lado
Durantes as festas carnavalescas na Alemanha, os beijinhos (Bützchen) estão em toda parte, especialmente nas quinta-feiras. Além dos casais, as mulheres distribuem beijinhos nas bochechas ou na boca de desconhecidos. O ato é considerado uma expressão de alegria e não deve ser confundido com desejo.
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O maior Carnaval de rua
Colônia, cidade que sedia o maior Carnaval de rua da Alemanha, espera receber cerca de um milhão de pessoas para a Rosenmontag, a "segunda-feira das rosas", além de movimentar milhões de euros. O primeiro desfile de Carnaval da cidade aconteceu já no início do século 19, em 1823.
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Cor e irreverência
Cor e criatividade nas fantasias e nos adereços também são marcas dos festejos alemães durante todo o período, mesmo no inverno. Temperaturas baixas não espantam os foliões da festa ao ar livre, e grupos de amigos de todas as idades se divertem ao combinar fantasias para celebrarem juntos.
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O Carnaval alemão
Dialeto próprio
Apesar das similaridades, os carnavais de cada cidade da região têm suas peculiaridades - e não pega nada bem confundir os termos. "Jecken" é o nome dado a foliões de Colônia. Também na cidade, a saudação de Carnaval é "Kölle Alaaf", enquanto em Düsseldorf o correto é "Helau". Desde "aleluia" até "abriu-se o inferno", há várias explicações para o significado desse grito.
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A doçura do Carnaval
Durante os desfiles, a diversão não está apenas em observar os carros alegóricos. Quando os foliões gritam “Kamelle” (caramelo), balas e todo tipo de guloseimas são arremessadas dos carros alegóricos para dar energia aos foliões. Não somente as crianças, mas também os marmanjos disputam um brinde em meio à "chuva de doces".
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Muito além dos adereços
Além das fantasias, outra parte essencial do Carnaval alemão é a música. Além de acompanhar os grupos de músicos nas ruas, os foliões devem, conforme manda a tradição, conhecer as letras pelo menos das "clássicas" para poder cantar e dançar juntos. Uma das formas de festejar nas ruas é dançar de braços dados, de um lado para o outro.
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Alfinetadas políticas
Outra tradição do Carnaval alemão são as sátiras políticas que ganham forma nos carros alegóricos que desfilam na segunda-feira. Com bom humor e criatividade, os carnavalescos não poupam críticas a líderes de diferentes países e outras figuras públicas.