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Alemanha deve conter dependência do gás russo, diz ministro

5 de fevereiro de 2022

“Superministro” do Clima e da Economia, Robert Habeck, afirma que o país deve buscar alternativas para diversificar o abastecimento. Estoques de gás natural da UE estão em baixa, enquanto aumentam as tensões na Ucrânia.

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Robert Habeck, ministro alemão do Clima e da Economia. Ele diz que Alemanha deve buscar outras formas de obter gás natural
Robert Habeck, ministro alemão do Clima e da Economia, diz que país deve buscar outras formas de obter gás naturalFoto: Reuhl/Fotostand/picture alliance

O ministro alemão do Clima e da Economia, Robert Habeck, afirmou que a Alemanha deve achar meios de reduzir sua dependência do fornecimento de gás natural da Rússia, enquanto continuam as tensões entre Moscou e o Ocidente, envolvendo a crise na Ucrânia.

Em reportagem publicada neste sábado (05/02) nos jornais do grupo de mídia Funke e pelo diário francês Ouest-France, Habeck afirmou que o país deve se preparar melhor para o próximo inverno, que começará em meados de dezembro.

Na Alemanha, o gás natural é utilizado no aquecimento de grande parte das residências e locais públicos.

O ministro avalia que as tensões entre a Rússia e a Ucrânia forçam a Alemanha a "encontrar outras oportunidades de importação para diversificar o abastecimento”.

"Temos que agir e melhorar nossa segurança. Caso contrário, nos tornaremos simples um peão no tabuleiro [russo].”

Nas últimas semanas, a Rússia enviou mais de 100 mil soldados para a fronteira com a Ucrânia, gerando temores de uma invasão. Ao mesmo tempo, Moscou vem fazendo uma série de provocações à Otan, exigindo que a aliança reduza sua presença no leste Europeu.

Nord Stream 2

Um dos pontos mais controversos da relação entre Berlim e Moscou diz respeito ao gasoduto russo Nord Stream 2, construído para transportar gás natural desde o território russo, através do mar Báltico, até a Alemanha. Apesar de a obra ter sido completada recentemente, a agência reguladora do setor de energia da Alemanha ainda não aprovou o projeto.

A iniciativa, orçada em 10 bilhões de euros, sofreu uma série de reveses e atrasos, além de se tornar o centro de uma disputa política.

A Ucrânia e os Estados Unidos, ambos críticos ao gasoduto, afirmam que isso criará uma dependência energética da Europa para com a Rússia. Além disso, Moscou poderia usar o fornecimento de gás como um mecanismo de pressão política.

O primeiro-ministro alemão, Olaf Scholz, sinalizou que a Alemanha pode considerar suspender o gasoduto se a Rússia invadir a Ucrânia, num momento em que aumenta a pressão sobre seu governo para que adote uma postura mais resoluta em relação ao Kremlin.

A ministra alemã do Exterior, Annalena Baerbock, já se posicionou contra o gasoduto. "A Alemanha já reiterou que, caso a energia seja utilizada como arma, isso terá consequências sobre o gasoduto”, afirmou. "Não teremos outra opção, mesmo que venhamos a pagar um alto custo econômico."

Segurança energética ameaçada?

A Alemanha utiliza o gás russo para cobrir mais de um terço de sua demanda interna, enquanto realiza uma redução escalonada do uso da energia do carvão e nuclear.

Para Berlim, o gás natural é uma tecnologia intermediária que pode ajudar a reduzir as emissões de carbono, até o país completar a transição para fontes de energias renováveis.

A Europa já enfrentava problemas no abastecimento de energia quando a estatal russa Gazprom reduziu o fornecimento do gás em outubro, o que levou a um aumento nos preços ao consumidor.

No mês passado, o banco alemão Commerzbank alertou que o estoque de gás na União Europeia (UE) estava em 47%, comparado aos 60% e 85% que o continente possuía nos anos anteriores.

Habeck criticou o fato de o mercado de gás natural ser completamente desregulado e sinalizou que o governo alemão poderá ter um papel maior na regulamentação do setor.

"Os acontecimentos das últimas semanas e o conflito na Ucrânia aumentaram a preocupação de que a Rússia esteja utilizando seu estoque de gás contra os interesses alemães”, concluiu.

rc (AFP, dpa)