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Agência alerta para corte total de gás russo para Europa

22 de junho de 2022

No momento sobre bases ainda puramente hipotéticas, chefe da Agência Internacional de Energia alerta a Europa para começar a buscar alternativas o mais rápido possível, mesmo que por fontes de "energia suja".

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Tubos e canos utilizados para distribuição de gás entre a Rússia e a Europa.
Economizar energia e manter usinas nucleares abertas são duas das alternativas indicadas à Europa pelo chefe da IEAFoto: Michael Cizek/AFP/Getty Images

A União Europeia deve se preparar para um possível corte completo do gás proveniente da Rússia nos próximos meses, adverte o diretor executivo da Agência Internacional de Energia (AIE), Fatih Birol. Assim, o continente precisa buscar soluções o quanto antes, como economizar energia e também manter abertas as usinas nucleares.

Embora no momento o cenário seja apenas hipotético, a agência adverte que os cortes executados pela Rússia nas últimas semanas – supostamente devido a problemas técnicos – podem ser uma amostra do que espera a Europa no próximo inverno: cortes graduais e até totais.

"Eu não descartaria que a Rússia possa continuar  encontrando problemas aqui e ali, assim como desculpas para seguir reduzindo as entregas de gás, e talvez até cortá-lo por completo. Por isso a Europa precisa de planos de contingência", disse Birol, em comunicado enviado à agência de notícias Reuters nesta quarta-feira (22/06).

O chefe da AIE também destacou que o Kremlin pode suspender o abastecimento total de gás a fim de buscar maior poder econômico e também influência política no continente europeu, em meio à guerra na Ucrânia e às sanções impostas por países ocidentais.

Até o momento, a União Europeia aprovou e aplicou sanções contra o petróleo e o carvão mineral, mas não contra o gás russo, muito devido à forte dependência do continente nesse setor.

Em entrevista ao jornal Financial Times, Birol comentou que "quanto mais perto chegarmos do inverno, mais entenderemos as intenções da Rússia. Acredito que os cortes são direcionados para evitar que a Europa encha seus estoques e, assim, aumente a dependência da Rússia nos meses frios".

Enquanto isso, os países da UE correm contra o tempo para encher os depósitos de gás. A Alemanha, por exemplo, espera preencher 90% da capacidade até novembro. Até o momento, a estimativa é de que apenas 50% dos estoques estejam cheios.

Membros do bloco europeu também trabalham para reduzir a dependência dos combustíveis fósseis russos. Uma das iniciativas é obter gás de outros países, como os Estados Unidos, e acelerar os processos de mudanças para energias renováveis, o que, durante a transição, significaria maior uso de carvão,  altamente poluente, e manter em funcionamento as usinas nucleares – das quais a Alemanha fechou três apenas em 2021.

Protesto luminoso do Greenpeace nas torres da usina nuclear de Grohnde, em Emmerthal, na Alemanha, que foi fechada no fim de 2021, que diz "por uma Europa livre da energia nuclear".
No fim de 2021, Alemanha fechou três usinas nucleares, como a de Grohnde, na cidade de EmmerthalFoto: Julian Stratenschulte/dpa/picture alliance

Investimentos em energias renováveis são insuficientes

Usinas de energia à base de carvão são fortes emissoras de CO2, e a Europa tem tentado se libertar delas nos últimos anos através de investimentos em fontes renováveis. Apesar disso, o chefe da AIE considera justificável recorrer a elas no caso de um corte no abastecimento de gás russo. A seu ver, essa iniciativa seria temporária e permitiria à Europa acelerar os investimentos em energia limpa.

Em seu relatório divulgado nesta quarta-feira, a AIE informa que em 2022 os investimentos globais no setor de energia devem ficar na casa dos 2,4 trilhões de dólares – 8% a mais do que em 2021. Embora a maior parte vá ser investida em energias renováveis, o volume não é suficiente para preencher as exigências em relação às metas climáticas.

"Os gastos atuais com petróleo e gás estão presos entre duas visões do futuro: altos demais para um roteiro alinhado em limitar o aquecimento global a 1,5 °C, mas não o suficiente para satisfazer a demanda crescente, num cenário em que os governos mantêm políticas atuais e, assim, falham em cumprir seus compromissos climáticos", informou a agência.

gb/av (Reuters, ots)