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10 anos de Fukushima: como a arte processa catástrofes?

Anja Freyhoff-King | Aimie Eliot
1 de abril de 2021

[Vídeo] A exposição “Artistas e o desastre”, em cartaz no museu Art Tower Mito, mostra como os artistas lidaram com a catástrofe nos últimos dez anos. A área radioativa também virou cenário para artistas abordarem o trauma que ainda persiste na região.

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No dia 11 de março de 2011, um grande terremoto na costa leste do Japão provocou um tsunami que levou à destruição de grande parte da central nuclear de Fukushima. Logo após a tragédia, o coletivo de artistas Chim↑Pom viajou até o local para tentar ajudar e estabelecer contato com os moradores. “Eu achava que tinha que ir até o local para poder fazer alguma coisa. Não tinha ideia do que me esperava antes de chegar lá. Fiquei chocado. O fato de a cidade estar vazia foi muito assustador para mim, mesmo vendo tudo do carro. Eu pensava: ‘este lugar é tão perigoso que não tem pessoas aqui? Mas não dá para ver a radioatividade’. Isso é o que me dava medo", conta um dos membros do coletivo, Ryuta Ushiro.
 
E no período de um ano surgiu a ideia de convidar artistas para expor na região isolada. O artista chinês Ai Weiwei, por exemplo, colocou fotografias da própria família em duas casas abandonadas. Em outra, ele instalou painéis solares que geram 5 horas de iluminação por dia. Enquanto a área estiver contaminada, só é possível entrar nas casas algumas vezes por ano e por pouco tempo. Ninguém sabe quando estarão habitáveis novamente. 

A exposição “Artists and the disaster”, em cartaz no museu Art Tower Mito, mostra como os artistas lidaram com a catástrofe nos últimos dez anos. No início, segundo a curadora Yuu Takehisa, a maioria deles não conseguia se expressar de forma criativa, pois estavam paralisados pelo trauma. Por isso, focaram em documentar as consequências da catástrofe. 

O artista Hikaru Fujii, por exemplo, aborda a questão da discriminação. “Fukushima” se tornou sinônimo de radioatividade - um estigma sofrido pelos moradores da região até hoje. “A discriminação é um tema muito delicado, por isso, foi difícil para mim abordar o assunto. Mas agora, com o coronavírus, estamos vivendo em uma sociedade onde todos discriminamos e somos discriminados. Achei que essa situação era oportuna para criar uma obra de arte”, explica.

Catástrofes naturais fazem parte do cotidiano no Japão. Uma incerteza e medo constantes, agora também conhecidos pelo mundo todo com a pandemia. “Esse tipo de catástrofe vai acontecer de novo, infelizmente. Sabemos por experiência, acho que podemos dizer que já é um fato. A questão é apenas quando e com qual intensidade”, lamenta Yuu Takehisa.