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União Europeia apoia luta contra corrupção em Angola

28 de fevereiro de 2020

Em entrevista à DW África, o embaixador da UE em Luanda, Tomás Ulicny, fala também das eleições autárquicas que acredita serão realizadas ainda este ano e detalha os projetos pelo bloco no país.

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Foto: DW/M. Luamba

Em entrevista exclusiva à DW África esta sexta-feira (28.02), Tomás Ulicny disse que as relações entre a União Europeia (UE) e Angola estão boas e afirmou que "seja político, económico e desenvolvimento temos entendimento mútuo".

O embaixador europeu adiantou que, na próxima semana, o ministro Manuel Augusto estará em Bruxelas no dia 6 de março e vai ser recebido pela comissária das relações internacionais e desenvolvimento Urpi Line. "Isso tudo no âmbito da nomeação do antigo ministro George Chicoty como próximo secretário-geral do [Grupo África, Caraíbas e Pacífico] ACP".

No dia 31 do mês passado, o Reino Unido saiu da UE num processo conhecido como Brexit. Questionado sobre se isso teria alterado as relações entre a UE e Angola, o embaixador responde com um não perentório, informando que o plano de desenvolvimento que está a ser financiado atrás do Fundo Europeu de Desenvolvimento (FED) foi aprovado há cinco ou seis anos.

"Por isso, a saída do Reino Unido não significa nenhuma mudança relativamente ao apoio que a União Europeia está a prestar a Angola no processo do seu desenvolvimento", garantiu.

Angola Luanda Botschaft der EU
Foto: DW/M. Luamba

Projetos em Angola

A UE desenvolve vários projetos de impacto social em Angola. Apesar de estar por definir o orçamento para os próximos sete anos, já estão em curso alguns projetos. Por exemplo, o APROSOC (Apoio para a Proteção Social), que, de acordo com Tomás Ulicny, é um projeto com um orçamento de 32 milhões de euros que consiste nas transferências monetárias para as famílias mais vulneráveis nas províncias do Moxico, Uige e Bié. 

O maior destes projetos é na área de desenvolvimento rural e está avaliado em 65 milhões de euros. A iniciativa, com uma duração de quatro anos, visa apoiar a população e os pequenos fazendeiros nas províncias da Huila, Namibe e Cunene, regiões fortemente afetadas pela fome resultante das alterações climáticas.

"Isso é para introduzir nossas técnicas, sementes, prestar técnicas agrícolas como tratores, mecanização. Também formar os pequenos agricultores, dar conhecimento de como tratar os seus campos no período da seca e também para captar água. Criámos algumas reservas de água. É um projeto na linha da nossa intervenção global na luta contra a seca e contra as mudanças climáticas", explicou o embaixador.

O que a Europa pensa sobre as autárquicas?

União Europeia em Angola: "Autarquias serão organizadas este ano"

Durante a entrevista também foram abordadas questões de âmbito puramente nacional. A DW África perguntou ao embaixador se acreditava que as eleições autárquicas em Angola serão realizadas este ano, como previsto.

Sobre esta questão, o embaixador disse que está a acompanhar "alguns atrasos no Parlamento sobre a aprovação das leis" relacionadas às autárquicas. Mas, acredita que "as autárquicas serão organizadas este ano porque este foi um compromisso do Presidente da República".

A oposição angolana suspeita que as eleições não sejam realizadas este ano, sobretudo tendo em conta a indicação de Manuel Pereira da Silva "Manico" ao cargo de presidente da Comissão Nacional Eleitoral (CNE). O juiz é fortemente contestado pelos partidos da oposição por alegadamente estar envolvido em atos de corrupção.

No entanto, o embaixador disse: "Estamos a acompanhar, mas não temos nenhum comentário. Isso é um assunto interno no qual não queremos intervir".

De olhos postos no combate à corrupção

Wahl Angola
Foto: Reuters

Não obstante, a UE acompanha de perto a chamada "cruzada contra a corrupção". "Essa política merece apoio", disse Tomás Ulicny.

Angola Luanda Botschafter der EU | Tomáš Uličný
Foto: DW/M. Luamba

"Temos um projeto com uma verba de cinco milhões de euros dentro do Ministério das Finanças. Dentro deste projeto está prevista uma componente para apoiar diretamente a luta contra o branqueamento de capitais e também para adquirir os ativos que foram transferidos de maneira ilegal fora do país".

Em Angola, a luta contra a corrupção tem sido criticada. Vozes há que acusam o Presidente angolano e a Justiça de ser "seletiva" no processo de responsabilização criminal ou civil aos implicados em atos de corrupção, outra matéria que o embaixador não comenta.

Mas comenta sobre o coronavírus, doença que tem ceifado vidas pelo mundo fora, tendo a Nigéria diagnosticado o primeiro caso na África Subsaariana. Ulicny diz que tem sido informado sobre as medidas preventivas tomadas pelo Governo de Luanda.

"Nós estamos em coordenação com o Ministério da Saúde e também fomos informados sobre as medidas que o governo tem tomados relativamente ao coranavirus".

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