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Rádio Ecclésia: Crise na emissora católica de Angola?

12 de julho de 2018

Além de não pagar salários há seis meses, a Rádio Ecclésia despediu recentemente alguns jornalistas, que falam de “despedimento injusto”. Sindicato dos Jornalistas Angolanos está preocupado.

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Angola Rádio Ecclesia Benguela
Há meio ano que os trabalhadores da Rádio Ecclésia em Luanda não recebem ordenadoFoto: DW/N. Sul D'Angola

Tudo começou com os salários em atraso. Há meio ano que os trabalhadores da Rádio Eclésia em Luanda não recebem ordenado, numa altura em que emissora católica luta por se expandir por todo o território nacional.

A suposta crise agudizou-se com o despedimento de vários jornalistas, quadros seniores da emissora. Como explica à DW África, Agostinho Gayeta, um dos jornalistas despedidos, não existe previsão para o pagamento dos salários em atraso. E a resposta da responsável dos Recursos Humanos da emissora, acrescenta, é sempre a mesma. "Não prevê uma data. Diz apenas que é assim que possível. Assim que a situação melhorar vai pagar os salários em atraso. Portanto, estamos à espera, estamos a dar o tempo necessário para depois, junto das instituições legais, instituições jurídicas poder valer os nossos direitos", afirma.

A direção da rádio não quis prestar declarações, mas prometeu emitir um comunicado sobre a situação nos próximos dias. Para já, os responsáveis da emissora, uma das mais ouvidas da capital angolana, falam apenas de falta de capacidade financeira para justificar os despedimentos. No entanto, o jornalista Agostinho Gayeta é da opinião de que a "crise financeira é um subterfúgio, um pretexto para tentar esconder a falta de capacidade de gestão de crise, que é o que está a faltar na direção da emissora católica de Angola. Falta capacidade de gestão de crise".

Rádio Ecclésia: Crise na emissora católica de Angola?

Nova direção, erros do passado

Em 2016, 20 trabalhadores já tinham sido despedidos na antiga gestão do padre Quintino Kandandji, substituído por Maurício Camuto. Dois anos depois, a história repete-se. Como lembra o jornalista, [há dois anos atrás] "foi um despedimento injusto, e continua a ser um despedimento injusto". "Esperavamos que esta direção pudesse reparar os erros do passado, mas notámos que é uma direção que continua a cometer os mesmos erros da anterior direção. Torna-se já um vício despedir trabalhadores de forma injusta", acrescenta.

Dependência da publicidade

Em Angola, e como explica à DW África, o secretário-geral do Sindicato dos Jornalistas Angolanos, Teixeira Cândido, muitas rádios privadas sobrevivem de espaços cedidos à Igreja Universal do Reino de Deus, outras de publicidade. Aos olhos de Teixeira Cândido, "a questão difícil que a Rádio Ecclésia atravessa tem muito que ver com a questão da publicidade, por um lado. Por outro lado, a rádio vivia de alguns projetos de organizações não governamentais e a partir do momento em que deixou de ter esses apoios, enfrenta dificuldades para pagar os seus salários".

O também jurista diz que o Sindicato está acompanhar a situação com preocupação e já fez chegar a questão à Conferência Episcopal de Angola e S. Tomé (CEAST), da qual espera medidas."A semana passada estivemos [reunidos] com o bispo da CEAST, a quem transmitimos a urgência de se poder intervir na situação da Rádio Ecclésia e a nossa expetativa é que nos próximos dias possamos ter uma reação ou uma medida. Disse-me o bispo que sempre que há reunião da CEAST a questão da rádio tem sido um dos pontos. O certo é que os colegas têm família e têm despesas por cobrir", lembra Teixeira Cândido.