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Resultados das eleições gerais na Guiné-Bissau "são sinais de mudança"

Maria João Pinto17 de abril de 2014

Os órgãos diretivos do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) vão reunir-se a partir de sexta-feira(18.04) para discutir a formação do próximo governo guineense.

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Foto: SEYLLOU/AFP/Getty Images

A reunião de sexta-feira foi anunciada pelo presidente do partido, Domingos Simões Pereira, que será o novo primeiro-ministro, depois de o PAIGC ter vencido as eleições legislativas de domingo(13.04) com maioria absoluta. Nas presidenciais, o candidato do PAIGC, José Mário Vaz, foi o mais votado, mas ficou abaixo dos 50% necessários para assumir o cargo, sendo necessária uma segunda volta, marcada para 18 de maio, com o candidato independente Nuno Nabiam.

Resultados que Vincent Foucher, investigador do International Crisis Group (ICG), actualmente na Guiné-Bissau, considera um sinal de mudança. A DW África quis saber se esta é também uma indicação de um sinal de distanciamento do aparelho militar. O analista responde que sim e acrescenta "acho que significa claramente que a maioria dos guineenses não estava contente com o golpe de Estado que aconteceu a 12 de abril e queria algo novo. Acho que todos, incluindo os militares, compreenderam o preço elevado a pagar pelos golpes de Estado. Talvez esta tenha sido uma experiência de aprendizagem".

Instabilidade acabou na Guiné-Bissau?

Um dia depois de conhecidos os resultados das eleições gerais, a pergunta que se impõe é se será este o ponto final na instabilidade político-militar na Guiné-Bissau. Há quem tema um golpe de Estado ainda antes da segunda volta das presidenciais, tal como aconteceu em 2012, após a vitória de Carlos Gomes Júnior, na altura, líder do PAIGC. Por isso, o actual período de revelação e análise dos resultados é visto com alguma apreensão. Mas, Vincent Foucher afasta a hipótese de um novo golpe de Estado, pelo menos, para já: "Claro que é sempre uma possibilidade, mas, dado o alto envolvimento internacional, parece-me difícil. Já a violência política...é outra questão. Este país tem uma longa história de políticos e militares vítimas de ataques violentos, por vezes mortais. É recorrente, uma hipótese que não pode ser excluída. Mas acredito que, pelo menos a médio prazo, não haverá um golpe de Estado.

International Crisis Group
ICG segue com atenção a evolução da situação na Guiné-BissauFoto: International Crisis Group

População guineense é contra golpes militares

O PAIGC venceu as eleições legislativas com maioria absoluta, mantendo assim o domínio do parlamento, mas perde lugares em relação às últimas legislativas, de 2008, baixando a representação de 67 para 55 deputados. Ainda assim, consegue uma vitória clara que, segundo o investigador do International Crisis Group, revela que a população não está contente com o passado recente do país, nomeadamente o golpe de Estado de abril de 2012.Quanto à possibilidade de o PAIGC sair também vitorioso da segunda ronda das presidenciais, Vincent Foucher lembra um ponto fundamental na agenda dos eleitos: o aparelho militar: "Várias pessoas acham que uma vitória dupla será um problema para os militares ou, pelo menos, para os seus líderes, que têm estado a torcer por Nuno Gomes Nabiam. Muitos temem que a dupla vitória signifique mais problemas, insegurança", sublinha o analista do ICG para em seguida acrescentar que "há conversações em curso, com o apoio de atores internacionais, para que se encontre um compromisso. Toda a gente compreende que não se podem excluir as Forças Armadas. É preciso convencer os militares da necessidade de modernização e eles também têm que beneficiar das negociações", sublinhou.

Präsidentschaftswahl in Guinea-Bissau 13. April 2014
José Ramos-Horta, representante do secretário geral da ONU na Guiné-Bissau, defende a constituição de um governo inclusivoFoto: DW/Márcio Pessoa

Os militares devem fazer parte da nova agenda do executivo

Mas, de acordo com vários observadores, não só os militares devem ser incluídos na nova agenda do Governo. O representante do secretário-geral da ONU em Bissau, José Ramos-Horta, já apelou a um governo de todos para todos, que inclua todas as forças políticas, reunidas em consenso. Vincent Foucher acredita no sucesso desta possibilidade. "Tem havido conversações nesse sentido entre o PAIGC e o PRS (Partido da Renovação Social). Acho que é possível. Se facilitaria a situação? Acho que sim. Os principais factores, aqui, são a forte pressão internacional e o facto de o PRS ter aumentado a sua representação no Parlamento, com 41 deputados, o que é muito e pode satisfazer o partido. Pode ajudar a dar-lhes a percepção de que estão representados e que têm influência".

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