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Refugiados liberianos recusam-se a abandonar o Gana

28 de julho de 2011

Nos anos 80 do século passado, o Gana acolheu os refugiados da guerra civil na Libéria. Mas volvidos oito anos sobre o fim desse conflito, os refugiados liberianos não querem regressar ao seu país.

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O crescimento económico tornou Accra, a capital do Gana, num pólo de atração também para os refugiadosFoto: dpa/AP/Montage DW

Sete anos após o fim da guerra civil na Libéria, continuam a viver no campo de Budumburam, nas cercanias da capital do Gana, Accra, cerca de 11 000 refugiados liberianos. A entidade ganense responsável pelos refugiados anunciou agora que o governo planeia fechar o campo. Ao mesmo tempo, o governo realça o papel relevante que o Gana tem na reconstrução actual da Libéria.

A Presidente daquele país, Ellen Johnson-Sirleaf, esforça-se visivelmente por acelerar o desenvolvimento da sua nação, construindo escolas, renovando a infra-estrutura e melhorando o acesso a água potável.

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A Presidente da Libéria, Ellen Johnson Sirleaf, esforça-se por acelerar o desenvolvimento do seu paísFoto: AP

As condições de vida são melhores no Gana

Apesar deste desenvolvimento positivo, a maioria dos refugiados liberianos não quer regressar ao seu país. O representante dos habitantes do campo de Budumburam, Peter Sobiah, explica porquê: "Alguns perderam a família e não vêem motivo para regressar. Outros passaram por experiências horríveis e receiam despertar as recordações se forem obrigados a regressar. Além disso, aqui no Gana há acesso a electricidade e água potável, e, em parte, a melhor emprego".

Quase 250 000 pessoas morreram na guerra civil liberiana entre 1989 e 2003. Entre os refugiados encontravam-se muitas crianças pequenas, que não conhecem agora outro país que o Gana. Como Pappi Sheku Turay: "Estou contente por estar no Gana, porque não tenho ninguém. Perdi tudo. Perdi os meus pais”. O jovem considera-se ganês: “ Estudo aqui na universidade. Espero vir a ser um bom advogado de Direito Internacional".

Alguns repatriados já regressaram

Flüchtlinge in Liberia
A guerra civil na Libéria, que teminou em 2003, obrigou centenas de milhares de pessoas a fugirFoto: AP

Jonathan Fofanah, de 30 anos, pertenceu a esse número de retornados. Mas acabou por voltar para o Gana, porque queria terminar aqui os seus estudos: “O sistema de ensino na Libéria não se compara ao ganense. Penso que vou encontrar um bom trabalho em casa quando terminar o curso aqui. Em todo o caso, melhor do que se estudasse na Libéria".

Para estes liberianos, pouco lhes importa que o Departamento de Imigração do Gana tenha declarado que deixaram de ser considerados refugiados, porque a guerra civil no seu país acabou.

Autor: Rahmatu Abubakar-Mahmud
Edição: Cristina Krippahl / António Rocha