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ONGs guineenses preocupadas com o consumo de drogas no país

Iancuba Dansó (Bissau)
4 de julho de 2021

As organizações não governamentais guineenses estão preocupadas com o aumento e prevalência de consumo de vários tipos de drogas no seio da juventude da Guiné-Bissau.

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Symbolfoto, Organisierte Kriminalität
Foto: imago images/ZUMA Wire

Há mais de uma década que a Guiné-Bissau é confrontada com o fenómeno de tráfico de drogas. Na sequência já foram apreendidas no país várias quantidades de estupefacientes, que alegadamente tinha como destino à Europa.
Mas pela primeira vez no país são revelados dados sobre o aumento de consumo drogas na sociedade guineense.
Os dados são da organização não-governamental Enda Santé que realizou, recentemente, um estudo sobre o consumo e dependência de droga, em Bissau, e nas regiões de Bafatá e Gabú, no leste do país.
Para o diretor Nacional da ONG, Mamadú Aliu Djaló, falando à DW África os resultados do inquérito revelam que o problema é mais grave nos jovens dos 18 a 35 anos de idade.
“O estudo incidiu-se sobre as drogas pesadas e suscetíveis de serem injetadas. E constatou-se uma forte dependência que está acima dos 90% nas três regiões (Bissau, Bafatá e Gabú) onde o estudo foi realizado”, disse Djaló.

Para o diretor Nacional da ONG, Mamadú Aliu Djaló, falando à DW África os resultados do inquérito revelam que o problema é mais grave nos jovens dos 18 a 35 anos de idade.

“O estudo incidiu-se sobre as drogas pesadas e suscetíveis de serem injetadas. E constatou-se uma forte dependência que está acima dos 90% nas três regiões (Bissau, Bafatá e Gabú) onde o estudo foi realizado”, disse Djaló.

Por seu turno, o secretário executivo do Observatório Guineense da Droga e da Toxicodependência, Abílio Có Júnior constata que as constantes instabilidades políticas no país podem facilitar a entrada de drogas ao país.
“Haverá sempre uma desorganização e desestruturação do Estado, e aí as redes de tráfico de droga aproveitam essas querelas políticas para introduzir a droga no país”, observa Abílio Júnior, para quem “a medida que se trafica a droga na Guiné-Bissau, aumenta também o consumo”.
O ativista revela à DW África as drogas mais consumidas na Guiné-Bissau.
“Tirando a cannabis, a segunda droga mais consumida é a MD, que se viralizou no país e isso constitui uma preocupação enorme para o Observatório da Droga”, disse Abílio Júnior.

Symbolbild Kokain
Foto: Amin Chaar/GlobalImagens/imago images

Perante a situação, o presidente da Rede Nacional das Associações Juvenis (RENAJ), Seco Duarte Nhaga, diz que é preciso salvar a juventude, mas para isso “é preciso, essencialmente, que o Estado da Guiné-Bissau preste atenção a essa juventude, que assuma as suas responsabilidades”.
Para Seco Nhaga, o Estado guineense deve garantir o direito à educação aos jovens “sob pena de continuarmos a ter a sociedade à deriva”.
De acordo com várias entidades que lutam contra o consumo de estupefacientes, nos últimos anos, as autoridades da Guiné-Bissau concentraram-se mais os esforços no combate ao tráfico de drogas, deixando de lado a adoção de outros mecanismos essenciais.
Mamadú Aliu Djaló exemplifica alguns dos aspetos que deveriam se ter conta.
“É importante que o país defina uma política de redução de riscos e é importante que haja financiamento para a implementação das atividades ligadas à política de redução de riscos, porque há uma forte dependência e é necessário que o país estabeleça, em termos legais, mecanismos que permitam a implementação dessa política”.
A Guiné-Bissau realizou em setembro de 2019, a maior apreensão de drogas no país. Numa operação denominada “Navarra”, a Polícia Judiciária Guineense apreendeu quase duas toneladas de cocaína, cujos traficantes foram condenados, em abril do ano passado, a penas de prisão, entre 14 e 16 anos..

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Westafrika: Guiné-Bissau: Wahlen
Foto: DW/B. Darame