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Nigéria lidera lista de países com menos crianças na escola

Riffel, Bettina Elisa18 de junho de 2013

Mais de 57 milhões de crianças no mundo não concluem o ensino fundamental. E quase a metade, provavelmente, nunca frequentou uma escola. A conclusão é do mais recente relatório da Unesco sobre direito à educação.

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O mais recente Relatório de Monitoramento Global do Instituto de Estatísticas da Unesco mostrou um estudo sobre educação que chocou sobretudo a Nigéria. Em nenhum outro país do mundo há tantas crianças fora da escola. Os números apontam para 10,5 milhões.

Na segunda posição está a Etiópia com 1,7 milhões de jovens, seguido da Costa do Marfim, Burkina Faso e Quênia. Todos com mais de um milhão de crianças ausentes dos bancos escolares.

Embora o acesso à educação tenha melhorado em todo o mundo, as Nações Unidas registraram pouco progresso na redução da taxa de crianças que saem da escola antes de chegar ao último ano do ensino primário.

Segundo a ONU, para alcançar a educação primária universal são necessárias novas intervenções para garantir que cada criança tenha acesso à alfabetização mínima e conhecimentos numéricos.

Tic-tac, tic-tac

Na capital nigeriana Abuja, a DW conversou com a diretora da escola privada Regina Pacis College para saber porque na Nigéria tantas crianças não vão à escola.

Irmã Chidebelu Nwigwe tentou justificar dizendo que em algumas regiões, as meninas são levadas a casarem-se muito cedo. "Muitos pais não vêem sentido as filhas estudarem porque dizem que em breve terão filhos de qualquer forma", esclarece a religiosa.

Além disso, ainda há os nômades e os agricultores. Estes esperam que seus filhos trabalhem desde cedo para o sustento da família.

Segundo especialistas, o problema da quantidade de crianças que nunca foram a escola somado ao crescimento populacional nigeriano que é alto pode ser comparado a bomba relógio.

A Nigéria tem atualmente, pelo menos, 160 milhões de habitantes. O número exato é desconhecido. Segundo estimativas, no próximo ano, o país deverá ter ainda maior população já que muitos cidadãos não consideram o planejamento familiar recomendado pelo Estado.

O governo tenta esclarecer a população das dificuldades de se ter mais de quatro filhos, mas a realidade mostra que por mulher são 5,7 crianças. Um fato com dramáticas consequências, acredita Paddy Kemdi Njulo do instituto nigeriano para a educação. "Quando não há dinheiro, os filhos acabam se tornando responsáveis por sua própria sobrevivência. Imaginem um pai que não recebe salário regularmente, mas que precisa sustentar 40 filhos. Desta forma, ele não pode dar a todos uma boa educação. Por isso, nós precisamos fazer com que essas crianças passem a ocupar os bancos escolares. Do contrário, provavelmente se tornarão um risco para a sociedade nigeriana", explica Njulo.

Um risco porque essas mais de dez milhões de crianças que não vão a escola na Nigéria, um dia serão adultas e sem perspectivas. Para essas pessoas que vivem à margem do desenvolvimento do país são necessárias  soluções imediatas.