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Gaza: Centro de produção de arroz com problemas de energia

Carlos Matsinhe (Xai-Xai)
9 de maio de 2017

Receia-se que este seja mais um "elefante branco" na província. Coordenador do centro afirma que quase 50% da receita é gasta em diesel. Governadora de Gaza admite o problema e diz que são necessários novos investidores.

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Mosambik Reisproduktion in Gaza
Centro de Investigação e Transferência de Tecnologias de produção de arroz, em GazaFoto: DW/C. Matsinhe

O Centro de Investigação e Transferência de Tecnologias de produção de arroz foi instalado, em 2015, no povoado de Chitsombelane, no distrito de Mandlakazi, no sul de Moçambique. Passados três anos, o laboratório e a unidade de processamento e certificação da semente ainda não funcionam devido à fraca qualidade da energia elétrica no local. O centro dista cinco quilómetros da vila sede distrital onde existe a energia da rede nacional.

Em entrevista à DW África, Júlio Langa, coordenador do centro, afirma que falta um ano para o termo do contrato com a concessionária indiana Angelique Internacional, que ergueu o empreendimento e que prevalecem incertezas sobre a gestão da infraestrutura no futuro. 

Mosambik Reisproduktion in Gaza
Foto: DW/C. Matsinhe

O mesmo responsável dá conta que os custos de operação do centro, que se está a fazer com recurso a geradores, são bastante avultados e insustentáveis. "Praticamente 50% da receita do processamento vai para a compra do combustível. Estamos a usar diesel e não é fácil para pôr a mexer toda esta unidade com diesel. Gastamos cerca de 20 litros por hora”, conta.

Júlio Langa afirma ainda que, em média, a unidade gasta 180 litros para processar a totalidade da sua capacidade de oito toneladas de arroz, com uma receita diária de 16 mil meticais (cerca de 232 dólares americanos), sendo que, metade deste montante, é aplicada na compra de combustível.

O centro de transferência da tecnologia indiana de produção de arroz possui uma área de dois hectares para a investigação e demonstrações agrárias. Nos  últimos três anos, treinou mil camponeses, esperando-se que, até 2018, este número chegue aos dois mil.

Mosambik Reisproduktion in Gaza
Nos últimos três anos, o Centro treinou mil camponeses, esperando-se que, até 2018, este número chegue aos dois milFoto: DW/C. Matsinhe

Erros na planificação do projeto

Castro Elias, Director Provincial dos Recursos Minerais e Energia, admite erros de planificação, aquando da concepção do projeto, e reitera a pertinência de uma planificação conjunta para se evitar transtornos similares no futuro. "É o que a EDM - Eletricidade de Moçambique tem estado a reclamar, porque cada um faz o que quer e no fim diz que quer energia. No entanto, quando faz o projeto não planifica como a poderá levar para lá. Esse é o grande erro que temos. Tem que haver uma planificação conjunta ”, afirma.

De acordo com Castro Elias, são necessários sete milhões de meticais (102 mil dólares) para transportar a energia até ao local, um valor que não existe no momento.

Investidores procuram-se

A governadora de Gaza, Stela Pinto Novo Zeca, reconhece que o governo tem tido dificuldades para levar a corrente eléctrica ao local. Segundo a chefe do executivo, o plano do governo passa por "encontrar uma parceria de forma a que se possa explorar o centro e instalar energia elétrica, pois temos estado com alguma dificuldade em puxar a corrente elétrica para aqui”. No entanto, acrescenta Stela Zeca, "mesmo com estes gastos elevados de combustível, esta é uma atividade que está a dar rendimentos”. "Hoje podemos dizer que temos arroz produzido por nós mais barato que o arroz importado”, conclui.

mmt 09.05.2017 Gaza - Arroz - MP3-Mono

A chefe do executivo da província de Gaza afirma que já há interessados na gestão do centro, mas não adianta mais informações.

O Centro de Investigação e Transferência de Tecnologias de Mandlakazi está avaliado em mais de 3,5 milhões de dólares americanos, um crédito do governo a um banco indiano.