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Euro comemora dez anos de vida no dia 1 de janeiro de 2012

de Goveuia, Helena1 de janeiro de 2012

Mais de trezentos milhões de pessoas em 17 países usam o euro. O que parecia ser uma história de sucesso tem vindo a ser questionado nos últimos meses e há mesmo quem ponha em causa a moeda única tal como a conhecemos.

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Há uma década, no dia 1 de Janeiro de 2002, as notas e moedas de euro foram introduzidas em 12 Estados-membros da União Europeia. Foi um desafio logístico sem precedentes, mas decorreu com êxito. No espaço de poucos dias estavam em circulação milhares de milhões de notas e moedas de euro. Rapidamente se tornou no símbolo da Europa e na segunda moeda de reserva e de comércio internacional a seguir ao dólar. Mas a história de sucesso foi abalada pela crise da dívida e há mesmo quem acredite que o euro irá implodir. 2012 será decisivo para o futuro da moeda única.

Com o início da circulação do euro na Europa começou uma nova era. "Estou convencido que graças ao Euro e aos valores comuns que ele personifica a Europa é agora mais forte do que nunca seria sem o sonho de um euro bem sucedido", disse na altura Wim Duisenberg, presidente do Banco Central Europeu.

O caminho para a moeda única foi longo e cheio de riscos e desafios. A 9 de Setembro de 1929, o alemão Gustav Stresemann perguntava à Sociedade das Nações "onde está a moeda europeia, o selo de correio europeu de que precisamos?".

Seis semanas mais tarde, em 25 de Outubro de 1929, a bolsa de Nova Iorque vive a sua "Sexta-feira Negra": começa a crise económica mundial que provoca graves perturbações económicas a nível mundial, leva ao encerramento de empresas e a uma taxa de desemprego sem precedentes. Seria o prólogo da Segunda Guerra mundial.

Após o final da guerra iniciou-se o processo de integração europeia como forma de assegurar a paz no continente europeu.


Do Plano Werner a Maastricht

Na década de setenta o Plano Werner define os passos para a União Económica e Monetária, cujo objectivo final consiste em alcançar a liberalização total dos movimentos de capitais, a convertibilidade total das moedas dos Estados-Membros e a fixação irrevogável das taxas de câmbio.

O relatório prevê, em seguida, a adopção de uma moeda única europeia como uma possível finalidade do processo, não a considerando, ainda, como um objectivo específico. Para além disso, o relatório recomenda o reforço da coordenação das políticas económicas e a definição das orientações relativas às políticas orçamentais nacionais.

O colapso do sistema de Bretton Woods que cunhou o período pós-guerra e a decisão americana de permitir a flutuação do dólar em Agosto de 1971 provocaram uma onda de instabilidade nos mercados cambiais que pôs profundamente em causa as paridades entre as moedas europeias.

Queda do Muro dá novo impulso à moeda única

A reunificação alemã e o colapso dos regimes comunistas deu à moeda única uma nova dinâmica. A Alemanha unida suscitava receios nos países vizinhos, explica Jürgen von Hagen professor no Centro para Integração Europeia da Universidade de Bona. "A reacção à reunificação, sobretudo da França - foi a de avançar com a União Monetária para garantir que a Alemanha permaneceria firmemente ancorada na Europa" .

Três semanas após a queda do Muro a 9 de Novembro de 1989 o ministro dos Negócios Estrangeiros alemão, Hans-Dietrich Genscher, visitaria o presidente francês François Mitterand. Ambos acordam que seja convocada uma Conferência Intergovernamental para identificar as alterações a introduzir nos tratados europeus a fim de se realizar a União Económica e Monetária.

Os trabalhos desta Conferência Intergovernamental culminaram com o Tratado da União Europeia, formalmente adoptado pelos Chefes de Estado e de Governo no Conselho Europeu de Maastricht em Dezembro de 1991 e assinado em 7 de Fevereiro de 1992. Os preparativos logísticos para a entrada em circulação do euro datam de 1992, quando ainda ninguém sabia qual seria o aspecto da moeda única e esta ainda nem nome tinha.

O batismo da nova moeda

O nome "euro" foi escolhido em 1995, por iniciativa do então chanceler alemão Helmut Kohl, por ser fácil de pronunciar e porque se associa imediatamente à Europa. Inspirado na letra grega épsilon, o símbolo do euro evoca o berço da civilização europeia. "E" é obviamente a primeira letra da palavra "Europa". As bem definidas duas linhas horizontais paralelas pretendem representar a estabilidade da moeda.

No início de 1999 o euro arrancou como moeda "virtual" e foram fixadas as taxas de câmbio em relação às moedas nacionais, mas as notas e moedas só circulariam dois anos mais tarde.

A moeda única chega às mãos dos europeus

No dia 1 de Janeiro de 2002, começaram circular as notas e moedas de euro em 12 Estados-membros da União Europeia. Um euro valia, aproximadamente 200 escudos portugueses ou 2 marcos alemães. No espaço de poucos dias estavam em circulação milhares de milhões de notas e moedas de euro. Outros países europeus não pertencentes à União Europeia, como Andorra, o Mónaco, San Marino e o Vaticano, também usam o euro.

Muitos países africanos têm as suas moedas nacionais fixadas ao euro. É o caso do escudo cabo-verdiano ou do franco CFA em circulação na Guiné-Bissau.

Aos doze países iniciais juntaram-se nos últimos anos mais cinco, o que significa que a moeda única é usada por 332 milhões de pessoas em 17 países.

Futuro do euro decide-se em 2012

Considerada até há pouco tempo uma história de sucesso a moeda única foi posta em causa pela crise financeira e da dívida que assola países da União Europeia, como Portugal, a Grécia e a Irlanda.

No ano em que completa dez anos de existência a moeda única enfrenta o maior dos seus desafios: a sobrevivência. E poder-se-á assistir à saída de um ou mais países da zona euro.

Um Contraste de autoria de Helena de Gouveia com contribuições de Rolf Wenkel e Johannes Beck.

Autor: Helena Ferro de Gouveia
Edição: Johannes Beck