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CriminalidadeGuiné-Bissau

"Avião suspeito" aterrou em Bissau sob ordens do Presidente

10 de novembro de 2021

Comissão Especializada para a Área de Defesa e Segurança do Parlamento guineense diz que o Airbus-340, retido em Bissau pela Autoridade de Aviação Civil, aterrou no país após um pedido expresso feito por Sissoco Embaló.

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Foto: DW/B. Darame

Segundo o presidente da Comissão, José Carlos Macedo Monteiro, deputado do MADEM-G15, partido de Sissoco Embaló (no poder), após uma visita realizada ao Aeroporto de Internacional Osvaldo Vieira, em Bissau, para se inteirar da situação "estranha" de um avião retido e abandonado em Bissau, a comissão parlamentar foi informada pelas autoridades competentes aeroportuárias que só receberam documentos de pedido da aterragem do aparelho "minutos antes de chegar a Bissau".

Explicando aos deputados durante a sessão parlamentar desta terça-feira (09.11) a situação que agita o país desde o último fim-de-semana, José Carlos Macedo Monteiro apontou o dedo ao Presidente guineense.

"O avião saiu da Gâmbia. Quem fez o pedido de aterragem foi o chefe de gabinete do Presidente da República, e como a Aviação Civil não tem competências para fazer vistorias no avião e ainda mais por ser um pedido expresso da presidência, teve que autorizar a aterragem", disse o deputado na plenária da Assembleia Nacional Popular, que está reunida na primeira sessão ordinária do ano legislativo 2021/22.

Tripulantes fugiram da Guiné-Bissau

Segundo as informações apuradas pela comissão especializada do Parlamento, o Airbus-340 transportava apenas três pessoas: um piloto, um co-piloto e um mecânico. "A presidência fez o pedido alegando que o avião foi a Bissau para manutenção. Só que depois os três foram levados para um lugar incerto", prosseguiu o deputado.

Guinea-Bissau I Internationaler Flughafen Osvaldo Vieira
Aeroporto de Internacional Osvaldo VieiraFoto: Braima Darame/DW

"Agora temos a informação de que os três fugiram da Guiné-Bissau. É realmente uma situação muito complicada. A presidência fez o pedido para que o avião ficasse em Bissau de 29 de outubro a 3 de novembro. Estou a passar esta informação porque todo o mundo tem que saber a verdade, afinal estamos a falar de autoridades que dizem estão a lutar contra a corrupção, tráfico de droga e tráfico de armas."

O parlamentar pediu a "imediata intervenção do Parlamento" devido a alegada pressão e ameaça de que o PCA da Aviação Civil, Caramo Camará está a ser alvo, "apesar de ter dito que não tem medo de ninguém, mas é preciso convocar os ministros do Interior e dos transportes para virem dar mais explicações porque o avião não vir a Bissau sem ninguém saber o que trouxe e a tripulação fugiu. É preciso imputar responsabilidade", concluiu o deputado.

Criada comissão interministerial

Reunido em sessão extraordinária de Conselho de Ministros, o Governo guineense criou uma comissão interministerial para esclarecer as circunstâncias da aterragem da aeronave. A comissão será composta pelos ministros do Interior, Defesa e Transportes e pelo gabinete do primeiro-ministro guineense, Nuno Gomes Nabiam, e deve apresentar um relatório até à próxima sexta-feira (12.11).

O avião chegou a Bissau no dia 29 de outubro e desde então tem estado parado na zona militar da pista do aeroporto internacional Osvaldo Vieira. Mas a Autoridade de Aviação Civil, seguindo ordens do Governo, interditou a descolagem do avião, sem indicar os motivos, desde o dia 4 de novembro.

Ainda segundo a imprensa guineense, a tripulação do avião, um piloto, um co-piloto e um mecânico, deixaram Bissau três dias depois, ficando o aparelho fechado na pista.

Uma fonte da presidência da República contactada pela DW diz que haverá uma reação do Presidente guineense nas próximas horas.

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