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Angola: Sindicatos conseguem encostar o Governo à parede?

9 de novembro de 2022

Greve dos enfermeiros foi suspensa logo após uma maratona de negociações entre o sindicato e o Governo. Segundo o sindicato, pelo menos 70% das reivindicações foram atendidas. É uma "vitória" que não passa despercebida.

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Protesto de técnicos de saúde no Bengo, outubro de 2022
(Foto de arquivo)Foto: António Ambrósio/DW

A greve começou na segunda-feira e foi suspensa dois dias depois, logo após um encontro entre o Governo angolano e o Sindicato Nacional dos Enfermeiros.

70% das exigências dos profissionais terão sido atendidas, de acordo com o secretário-geral do sindicato, Cruz Matete: "Nem todo podemos ganhar. Algumas questões ficaram pendentes. Depois de cumprirmos os prazos acordados vamos reunir com o Ministério para continuar as discussões", disse.

Ao longo dos próximos dez dias, as partes farão o levantamento dos técnicos que ainda não receberam o subsídio da Covid-19 e, dentro de duas semanas, será pago aos profissionais da segunda e terceira classe o subsídio de compensação de forma automática. Haverá ainda um aumento salarial de 6% para os profissionais que não o obtiveram em julho. 

Qual o poder dos sindicatos?

O jornalista Jorge Neto diz que esta "vitória" é um sinal da força dos sindicatos em Angola, que "têm exercido uma certa pressão sobre o Governo".

A suspensão da greve, deixando em aberto novos protestos, é outro indicador do poder sindical, associado à "falta de coerência do Executivo", acrescenta Neto em declarações à DW África.

Já o politólogo Agostinho Sicatu acredita que não, que os sindicatos angolanos não têm forças suficientes para encostarem o Governo "à parede" e obterem vitórias em todos os itens da sua lista de reivindicações.

"Os sindicatos não têm tido capacidades suficientes de poder impor-se. Aliás, vimos isso com os professores do ensino universitário", diz Sicatu. Até porque os problemas são estruturais e difíceis de resolver, acrescenta.

"Não têm nada a ver com a incompetência dos departamentos. Têm a ver com a falta de políticas públicas concretas. Na educação, por exemplo, se não houver políticas públicas viradas para este setor, o Ministério terá muitas dificuldades em resolver o problema."

A situação é idêntica no setor da saúde, refere o jornalista Jorge Neto: as reclamações  dos enfermeiros, que levaram à greve, têm a ver com problemas estruturais antigos.

"Fora a questão do subsídio da Covid-19, os problemas são os mesmos: a atualização da carreira, os reajustes salariais. São problemas que já vêm sido debatidos há muito tempo", lembra o jornalista.

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