Ministro critica lei russa sobre devolução do butim de guerra
23 de janeiro de 2002A crítica do ministro alemão da Cultura, Julian Nida-Rümelin, foi publicada no jornal Isvestia, publicado em Moscou. "Apesar de a legislação não estar em conformidade com as normas internacionais, espero que seja encontrada uma solução política, devido às boas relações entre nossos países", disse o ministro.
Nida-Rümelin referiu-se à lei russa aprovada em 1999, contra a vontade do então presidente Bóris Ieltsin. Segundo a lei, pertencem à Rússia todos os bens culturais pilhados da Alemanha depois do fim da Segunda Guerra Mundial.
O ministro, no entanto, acrescentou reconhecer a complexidade do problema, "já que na época a Alemanha foi a agressora e deixou um rastro de destruição na Rússia". Apesar de as negociações entre os dois países já terem levado à devolução de alguns bens culturais saqueados após a guerra, cerca de 200 mil obras de arte e dois milhões de livros, entre outros, permanecem na Rússia.
Devolução de vitrais
– Na viagem a Moscou encerrada na terça-feira (22), Nida-Rümelin engajou-se especialmente pela devolução dos vitrais da Igreja de Nossa Senhora (Marienkirche) de Frankfurt do Oder, no Leste alemão. Os vitrais, do século XIV, carecem de restauração e estão no Museu Hermitage, de São Petersburgo.Segundo a lei russa, a arte sacra pode ser devolvida. Um conselho interministerial havia sugerido em Moscou no ano passado que a Duma decidiria sobre a entrega dos vitrais à Alemanha. Nida-Rümelin e seu colega de pasta Mikhail Shvidkoi acertaram os detalhes para encaminhar o assunto ao parlamento. Em abril, o Hermitage pretende expor alguns dos vitrais, restaurados provisoriamente.
Os ministros acertaram também que, pela primeira vez após a Segunda Guerra, uma exposição no final do próximo ano vai reunir as peças do Tesouro dos Merovíngios, espalhadas em diversos museus alemães e russos. Os merovíngios dominaram o oeste e parte do centro da Europa de 425 a 751 d.C.
Fundação Federal de Cultura
– O ministro alemão da Cultura apresentou oficialmente nesta quarta-feira os objetivos da nova fundação de fomento à cultura. Ela foi aprovada pelo gabinete de governo em Berlim e começa a funcionar em março, com sede em Halle, no Leste do país.Sua meta é o incentivo à cultura contemporânea e o intercâmbio com o exterior. Em princípio, o gerenciamento será federal, depois os estados participarão da administração. Este ano, a fundação terá um orçamento de mais de 13 milhões de euros.