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Bush: não necessariamente bem-vindo

Sean Sinico / lk20 de janeiro de 2005

Enquanto alguns alemães vão às ruas para protestar contra o segundo mandato de Bush, a maioria dos manifestantes prefere guardar suas forças para fevereiro, quando o presidente norte-americano visitará o país.

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Presidente dos EUA sofre rejeição popular no exteriorFoto: dpa

Vigílias à luz de velas e protestos nas ruas são alguns dos eventos que estão levando centenas de alemães às ruas para expressar seu descontentamento com o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, que inicia nesta quinta-feira (20/01) seu segundo mandato.

Necessidade de agir

"Tínhamos a impressão de que muitos sentimentos negativos aflorariam agora, se não fizéssemos alguma coisa neste sentido", diz Ronald Schlundt, diretor da seção alemã dos Democrats Abroad, referindo-se a uma manifestação organizada na cidadezinha de Ramstein – onde se encontra a maior base militar da Otan na Europa, com forte presença de soldados norte-americanos. Esse foi apenas dos inúmeros protestos que a entidade está promovendo em 24 países pelo mundo afora.

Bush zum zweiten Mal vereidigt
Bush toma posse para exercer seu segundo mandato na Casa BrancaFoto: AP

Enquanto a cerimônia de posse ocupa as manchetes nos Estados Unidos, na Europa ela não desperta a atenção das multidões. Na Alemanha, o que interessa às pessoas de fato é a visita do presidente norte-americano a 23 de fevereiro. Na busca de melhorar as relações com os países europeus, após o racha provocado pela guerra no Iraque, Bush vai passar no mês que vem pela Bélgica, Alemanha, Inglaterra e Eslováquia.

Importante demonstrar descontentamento

Se fosse pelos críticos de Bush organizados na Alemanha, não seria totalmente fácil ao presidente norte-americano convencer os políticos europeus de que as feridas nas relações transatlânticas estão curadas. "É importante que as pessoas mostrem a Bush que ele está num caminho errado e muito perigoso; não podemos esperar que o governo faça isto por nós", diz Peter Strutynski, do Comitê Federal Conselho de Paz. "Afinal, eles já andaram enviando sinais de que estão dispostos a cooperar com Washington."

A organização antiglobalização Attac, por exemplo, não planejou nenhum protesto por ocasião da posse, mas é uma das muitas entidades que pretendem convocar seus simpatizantes a participar de manifestações quando Bush vier à Alemanha, segundo seu porta-voz Malte Kreutzfeldt.

Anti-Bush Demonstranten in Berlin
Organizadores esperam manifestações de impacto durante visita de BushFoto: AP

A esperança dos grupos é que sejam manifestações de grande impacto, que mostrem ao mundo que a Europa é capaz de agir independentemente da influência americana. "Não podemos dar a impressão de que Bush está certo e que conseguirá de novo a adesão de seus parceiros", diz Strutynski. "Temos que destruir a mensagem de que ele será capaz de reconquistar seus antigos aliados da Otan."

Longe de Berlim

Um pequeno ponto a favor dos manifestantes pode ser o fato de que o presidente norte-americano não irá a Berlim, durante sua visita à Alemanha. O itinerário prevê que ele vá a Mainz, no sudoeste do país. "Acredito que nossas manifestações de dois anos atrás desempenharam um papel importante na decisão de deixar Bush longe de Berlim", opina Strutynski. "Desta vez, queremos mostrar-lhe que ele não é bem-vindo e que não aceitamos nenhum aspecto de sua política."

Manifesta-se nos preparativos para os protestos, também, o desejo de continuar lutando como oposição, após a derrota do candidato John Kerry em novembro. "Quando penso na eleição, dou a mão à palmatória, porque estamos atados a Bush", diz Eva Adams, dos Democrats Abroad. "Mas não vou resignar e aceitar tudo que vem dele."