Müntefering deixa governo
13 de novembro de 2007O vice-chanceler federal e ministro do Trabalho, Franz Müntefering (SPD), anunciou de forma surpreendente nesta terça-feira (13/11) sua renúncia aos dois postos que ocupa no governo da grande coalizão, formado pela União Democrata Cristã (CDU), União Social Cristã (CSU) e pelo Partido Social Democrata (SPD).
Ele disse que pretende deixar o governo até o dia 21 de novembro. Müntefering assegurou que a sua saída se deve exclusivamente aos problemas de saúde de sua mulher, que sofre de câncer, mas a decisão foi anunciada um dia após o vice-chanceler ter sofrido mais uma derrota política.
Na noite de segunda-feira, a comissão que coordena os trabalhos da grande coalizão não chegou a um acordo sobre a adoção de um salário mínimo nas empresas de correio a partir de 1º de janeiro, quando se encerra o monopólio da Deutsche Post para a entrega de cartas, telegramas e cartões postais.
O fracasso das negociações significou uma derrota para o SPD, que defende a adoção do salário mínimo no setor, e, na opinião de políticos oposicionistas, teria levado à renúncia do ministro do Trabalho. Mas Müntefering afirmou que sua decisão tem motivos pessoais e que deseja estar mais tempo ao lado de sua esposa. Ele também disse ter informado líderes de seu partido da sua renúncia antes da reunião de segunda-feira.
Merkel lamenta saída
A chanceler federal Angela Merkel lamentou a renúncia. "Müntefering era um estabilizador", afirmou, repetindo uma opinião comum a vários integrantes da CDU/CSU: a de que Müntefering era o político do SPD que conseguia estabilizar a coalizão apesar das divergências internas de opinião. Era, ainda, o principal interlocutor de Merkel no SPD.
"Eu reitero que não há motivos políticos", afirmou Müntefering, que teceu duras críticas à resistência da CDU/CSU à adoção de um salário mínimo no setor de correio. De acordo com o presidente do SPD, Kurt Beck, o sucessor de Müntefering no Ministério do Trabalho será o deputado Olaf Scholz. A vice-chancelaria será exercida pelo ministro das Relações Exteriores, Frank-Walter Steinmeier, que acumulará os dois cargos.
Beck optou por não ingressar no governo e permanecer no cargo de governador da Renânia-Palatinado. Na avaliação do presidente do partido, teria sido um erro se mudar para Berlim. Ele avaliou que sua ausência do governo "abre melhores possibilidades de desenvolver e impor políticas sociais-democratas".
Nas últimas semanas, Müntefering e Beck protagonizaram uma luta interna de poder no SPD, cujo ápice aconteceu durante o congresso do partido em Hamburgo, no final de outubro. Na ocasião, Beck venceu a queda de braço com Müntefering em torno de uma posição do partido: a ampliação do tempo de pagamento do seguro-desemprego para trabalhadores mais velhos.
Beck, que pretendia dar um perfil mais social ao partido, era a favor da ampliação. Müntefering era contra e teve que aceitar a decisão dos delegados partidários, que na sua maioria votaram com Beck. (as)