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Um novo olhar sobre a Idade do Bronze

lk24 de maio de 2003

Exposição em Nurembergue mostra objetos em ouro que permitem a recomposição do culto ao sol na pré-história e uma reavaliação do grau de civilização alcançado numa era até há pouco subestimada.

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Objetos rituais pré-históricos à mostra em NurembergueFoto: AP

Quatro cones de altura variada — o maior chega a quase um metro —, compostos de lâminas de ouro com menos de um décimo de milímetro de espessura e ricamente ornados, são os objetos mais espetaculares à mostra no Museu Nacional Germânico de Nurembergue até 7 de setembro. Trata-se dos únicos chapéus de ouro pré-históricos resgatados na Europa, agora reunidos na exposição Ouro e Culto na Era do Bronze.

Eles não apenas fascinam pela sua beleza, como também intrigam pelo alto grau de habilidade técnica de que são prova. Especialistas perguntam-se como os ferreiros de mais de três mil anos atrás eram capazes de confeccionar objetos tão delicados e ao mesmo tempo precisos, sem dispor de ferramentas sofisticadas.

Sol, o centro da vida

O mais antigo achado, o Chapéu de Ouro de Schifferstadt, encontrado na Renânia-Palatinado em 1835, data de 1300 antes de Cristo. O mais recente é o Chapéu de Berlim, encontrado em 1996. Um terceiro foi resgatado nas proximidades de Nurembergue, e o quarto, o Cône d'Avanton, na França. Enigmáticos a princípio, eles foram desvendados pelos pesquisadores nesse meio tempo como acessórios utilizados por sacerdotes ou magos em cerimônias rituais.

Ao lado dos demais objetos expostos — quase 400, encontrados em 30 diferentes sítios entre a Espanha e a Escandinávia —, eles são testemunhas do culto ao sol que reinava na pré-história. Para as pessoas que viveram entre 1800 a.C. e 800 a.C., dedicadas ao cultivo da terra e à criação de gado em dependência dos caprichos do tempo, o sol era a divindade maior e o ouro, seu símbolo por excelência.

Os ornamentos circulares que adornam os chapéus cônicos, bem como imagens cinzeladas em outros objetos rituais, revelam o valor mítico atribuído ao percurso do sol, o deus que "as pessoas viam nascer a cada dia para voltar a desaparecer", como se expressa Ulrich Grossmann, o diretor do museu. Mas, sobretudo, eles permitem aos pesquisadores deduzir um complexo sistema numérico rítmico, que correspondia a observações astrológicas e cálculos de calendários.

A exposição deve ser vista no contexto mais amplo de uma reavaliação da Idade do Bronze na Europa. "Somente aos poucos se impõe a idéia de que a era pré-histórica não foi bruta e desprovida de civilização, e de que as pessoas de três mil, três mil e quinhentos anos atrás tinham um alto padrão cultural", acentua Grossmann.