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Cúpula do Cáucaso

(ca)2 de setembro de 2008

Apesar do adiamento das reuniões sobre parceria estratégica entre a União Européia (UE) e a Rússia, o encontro emergencial de cúpula sobre a crise do Cáucaso em Bruxelas evitou sanções e aposta no diálogo com os russos.

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Apesar de ameaças, União Européia acredita no diálogo com a RússiaFoto: picture-alliance/ dpa

Como forma de exercer pressão sobre a Rússia, a declaração final do encontro emergencial dos líderes da União Européia para discutir a crise do Cáucaso previu o adiamento da negociação sobre o acordo de parceria estratégica UE-Rússia, até Moscou retirar suas tropas da Geórgia.

Os chefes de Estado e governo da UE reunidos em Bruxelas mantiveram, no entanto, abertas as portas para o diálogo com a Rússia. O presidente semestral do grêmio, Nicolas Sarkozy, declarou que o próximo lance caberia agora à Rússia: "A UE saudaria uma parceria verdadeira com a Rússia, mas ambos os lados têm que cooperar".

O presidente francês admitiu que houve divergências entre os países-membros da UE durante o encontro emergencial. Antigos países satélites da União Soviética procuraram um tom mais agressivo durante o encontro, outros, como a França, a Alemanha e a Itália queriam evitar a escalada verbal.

Para Sarkozy, a coesão em torno da declaração final foi uma mensagem muito forte enviada pela Europa. O presidente francês declarou-se aliviado pelo fato de a UE não ter aumentado suas divisões internas, como foi o caso da Guerra do Iraque, em 2003.

Pressões moderadas da União Européia

Französischer Präsident Sarkozy und EU-Kommissar Barroso bei Sondergipfel zu Kaukasuskonflikt
Sarkozy viaja com Barroso para MoscouFoto: AP

Além da suspensão das negociações de parceria com a Rússia, entre as principais resoluções do encontro em Bruxelas, estão o "substancial" apoio financeiro e material da UE à Geórgia e o aprofundamento de suas relações; a procura de novas fontes de petróleo e gás natural como forma de diminuir a dependência energética da Rússia; no contexto de uma "Parceria com o Leste", a UE quer aprofundar suas relações com a Armênia, Moldávia, Azerbaijão e Ucrânia.

Apesar da pressão da Polônia e dos Estados bálticos, a UE rejeitou qualquer tipo de sanção contra a Rússia. Sarkozy declarou que a melhor forma de ajudar a Geórgia seria através do diálogo. Em alusão aos navios norte-americanos enviados ao Mar Negro, o presidente semestral da UE comentou: "Nós não vencemos o fim do Pacto de Varsóvia para iniciar uma nova Guerra Fria".

Juntamente com o presidente da Comissão Européia, José Manuel Barroso, e Javier Solana, chefe da diplomacia da UE, o presidente francês viajará a Moscou no início da próxima semana, à procura de uma solução para a crise. Sarkozy não excluiu, no entanto, outras medidas contra a Rússia, caso o país continue surdo às pressões moderadas da União Européia.

Continuação do diálogo com a Rússia

Belgien EU Sondergipfel zu Russland Georgien Angela Merkel
Merkel também aposta na diplomaciaFoto: AP

A chefe do governo alemão, Angela Merkel, também saudou o resultado do encontro de cúpula como um sinal de coesão de Bruxelas: "Nós encontramos um excelente meio-termo", declarou. Merkel e o ministro alemão do Exterior, Frank-Walter Steinmeier, acentuaram a continuação do diálogo com a Rússia. A política alemã considera necessário o adiamento das negociações do acordo de parceria estratégica, mas somente por curto prazo.

"Nós somente adiamos as negociações", replicou Merkel diversas vezes durante a conferência de imprensa sobre o encontro. "Queremos continuar a cooperação com a Rússia, isto é de interesse recíproco" acresceu a chanceler federal.

Ao mesmo tempo, Merkel também exigiu que a Rússia cumpra o plano de paz de seis pontos, assinado em agosto último, e retire suas tropas da Geórgia. Quanto a uma missão de paz da UE para a região, a chefe de governo alemão afirmou que esta seria somente sensata se acertada com todas as partes interessadas.

Nova base de relações bilaterais

Symbolbild Russland EU
UE e Rússia precisam uma da outraFoto: DW-Montage/Bilderbox.de

Apesar de reagir de forma negativa às ameaças de adiamento das conversações sobre um novo acordo de parceria com a União Européia, o embaixador russo na UE, Vladimir Chizkov, elogiou a moderação dos resultados do encontro em Bruxelas. Os países da UE teriam, por sorte, "preferido a sanidade e a razão à dramatização", apesar disto, a ameaça de suspensão das negociações teria sido "um sinal político incorreto", afirmou.

O diplomata afirmou que a Rússia teria reduzido suas tropas na Geórgia a um "contingente de paz", cuja atuação estaria coberta pelo plano internacional de paz de seis pontos. O vice-presidente do comitê de assuntos externos da Duma, Leonid Sluzki, advertiu de um rompimento do diálogo entre UE e Rússia.

Até agora, a próxima rodada de negociações para um novo acordo de parceria estratégica estava prevista para 15 e 16 de setembro. Principalmente, na área energética, o novo acordo deverá estabelecer uma base de relações bilaterais.

Reações da imprensa

O jornal suíço Neue Zürcher Zeitung comentou: "A declaração final é um meio-termo típico da UE, que satisfaz tanto os duros críticos da Rússia provenientes dos novos Estados-membros, do Reino Unido e dos países nórdicos, como também aqueles Estados que, como a Alemanha, a França e a Itália, engajam-se tradicionalmente pela compreensão e parceria com a Rússia."

O diário Rheinische Post de Düsseldorf afirmou que, quanto à questão, a UE estaria dividida: "A União Européia está dividida quanto ao futuro tratamento que dará à Rússia. O encontro emergencial para responder à reação exagerada russa no Cáucaso encontrou o menor denominador comum: reprovou-se a demonstração de poder dos russos. A próxima rodada de conversações sobre o acordo de parceria foi adiada, não anulada."

O jornal do governo russo Rossijskaya Gazeta é da opinião que o encontro de cúpula mostrou que UE e Rússia precisam uma da outra: "Não existe alternativa para o bom relacionamento entre a Rússia e a União Européia. Isto ficou comprovado mais uma vez no encontro de cúpula da UE […] Pelo visto, os adeptos do diálogo em Bruxelas tiveram sucesso sobre os parceiros de confrontação. Isto não significa, no entanto, nada mais do que uma vitória de etapa. As perspectivas da política para o Leste deverão continuar um tema de discórdia na UE."