UE acusa Amazon de violar regras de concorrência
10 de novembro de 2020A União Europeia acusou formalmente nesta terça-feira (10/11) a empresa americana Amazon de violar as regras do bloco sobre concorrência, alegando que a gigante do comércio eletrônico usa seu tamanho, poder e dados para tirar vantagem sobre vendedores independentes menores que utilizam a plataforma.
As acusações são resultantes de uma investigação aberta em julho do ano passado e fazem parte dos esforços do bloco para restringir o poder de empresas de tecnologia. Segundo a comissária europeia responsável por questões de concorrência, Margrethe Vestager, a Amazon utilizaria dados comerciais não públicos de vendedores terceirizados em benefício de negócios próprios.
"O uso destes dados permite à Amazon se concentrar nas vendas dos produtos mais vendidos e marginalizar vendedores externos, limitando suas possibilidades de crescimento", disse Vestager.
A investigação europeia descobriu que a empresa tem acessado e analisado em tempo real dados de outros fornecedores que usam a plataforma para decidir sobre seus novos lançamentos, preço dos produtos e estratégia de comercialização. De acordo com Vestager, essa prática prejudica a concorrência leal.
"Temos que garantir que o duplo papel de plataformas com poder de mercado, como a Amazon, não distorça a concorrência", acrescentou a comissária.
Além da acusação formal, a União Europeia abriu uma outra investigação contra a gigante do varejo eletrônico para investigar se a empresa favorece ofertas de produtos e comerciantes que usam seus sistemas de logística e entrega. Os alvos do inquérito são o serviço Prime e o "buy box", que vincula o botão "adicione ao carrinho" a determinados produtos.
Se as acusações forem comprovadas no processo antitruste, a Amazon corre o risco de pagar uma multa que pode chegar até 10% de seu faturamento mundial, ou seja, cerca de 28 bilhões de dólares.
A Amazon nega as acusações e afirmou que continuará contribuindo com as autoridades europeias para esclarecer as questões. A gigante afirmou ainda que há mais de 150 mil empresas europeias usando seus serviços, o que geraria milhares de empregos e receitas de bilhões de euros.
Nos últimos anos, os gigantes da tecnologia têm enfrentado críticas de diferentes governos e blocos, como a UE, devido ao grande poder que acumulam, aos benefícios exorbitantes que obtêm e aos baixos impostos que pagam. Outros grandes conglomerados digitais como Facebook, Apple e Google estão sob investigação de reguladores e legisladores, preocupados com possíveis casos de abuso de poder.
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