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Suspeito do 11 de setembro inocentado por falta de provas

rw5 de fevereiro de 2004

Marroquino acusado de ajudar nos atentados de 2001 nos EUA absolvido por falta de provas. Ministério Público queria pena de 15 anos para Abdelghani Mzoudi, de 31 anos.

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Mzoudi e sua advogada, Gül PinarFoto: AP

"A decisão de absolver Abdelghani Mzoudi não é motivo de alegria e não se deveu ao fato de o tribunal estar convencido da sua inocência, mas sim à circunstância de não haver provas suficientes para o condenar", declarou o juiz Klaus Rühle durante a proclamação da sentença, nesta quinta-feira (5).

O Tribunal Estadual de Hamburgo absolveu Mzoudi das acusações de filiação numa organização terrorista e cumplicidade em cerca de três mil mortes nos atentados terroristas de 11 de setembro nos EUA. O Ministério Público havia requerido a pena máxima, de 15 anos de prisão, por considerar suficientes as provas de seu envolvimento na série de atentados no Estados Unidos em 2001.

"Há alguns indícios de que o réu tenha tido conhecimento da preparação dos atentados, mas também é possível que não seja assim, e em caso de dúvida temos de decidir a favor do réu", disse Rühle, garantindo que o tribunal "atingiu os limites na procura da verdade". O tribunal ordenou ainda que seja concedida uma indenização ao estudante de Eletrotécnica pelo tempo que esteve em prisão preventiva, desde outubro de 2002.

Reviravolta em dezembro

Mzoudi, 31 anos, havia sido libertado em meados de dezembro, com base em um fax entregue pela polícia ao tribunal, segundo o qual ele não saberia dos planos do 11 de setembro. O governo dos Estados Unidos havia reagido com decepção. Um personagem-chave no caso é Ramzi Binalshibh, acusado de ter planejado os atentados.

Como a Justiça norte-americana não permitiu aos alemães o acesso ao que foi dito nos interrogatórios, o Departamento Federal de Investigações (BKA) valeu-se das afirmações de um informante. O tribunal acabou considerando estas afirmações − de que Mzoudi nada sabia dos planos terroristas − como uma informação indireta de Binalshibh e libertou Mzoudi, que ficou aguardando a sentença em liberdade.

O advogado de acusação Andreas Schulz ainda havia tentado introduzir novos elementos no processo, pedindo que fosse solicitada ajuda à Justiça norte-americana. Depois de adiar o anúncio da sentença e reunir-se mais uma vez na manhã desta quinta-feira, a corte recusou a petição.

Procurador-geral convencido da culpa

O Ministério Público de Hamburgo anunciou que vai recorrer da sentença. O procurador-geral da República, Karl Nehm, manifestou-se decepcionado com a falta de colaboração dos Estados Unidos para a apuração da responsabilidade de Mzoudi. Nehm não duvida da culpa do marroquino: "Ele não teve o dedo no gatilho, nem estava no avião, mas participou de uma série de preparativos dos atentados".

No primeiro julgamento na Alemanha relacionado ao 11 de setembro, Mounir El Motassadeq, também do Marrocos, foi condenado a 15 anos de prisão, em fevereiro do ano passado, por cumplicidade em mais de três mil homicídios. A defesa recorreu da sentença.