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Setores da economia criticam gestão da pandemia na Alemanha

23 de março de 2021

"Enquanto outros países vacinam, Alemanha impõe período de descanso", diz indústria do país, sobre endurecimento do lockdown no feriado de Páscoa. Associações também criticam flexibilização das medidas no início do mês.

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Funcionário trabalhando em linha de produção de uma fábrica de produtos automotivos
Reabertura de parte da economia no início de março "trouxe mais prejuízos econômicos do que benefícios", diz entidadeFoto: Felix Kästle/dpa/picture alliance

Associações da indústria e institutos econômicos da Alemanha demonstraram preocupação e descontentamento com a gestão da pandemia de covid-19 por parte dos governantes do país. Entre outros pontos, elas cobram vacinação mais rápida e mais testagens em massa.

Após a flexibilização de algumas restrições no início deste mês, o governo federal e os governadores dos 16 estados alemães decidiram na madrugada desta terça-feira (23/03) prorrogar até 18 de abril as medidas que visam conter o avanço do coronavírus, em vigor desde 2 de novembro. Devido ao recente aumento no número de novas infecções, os líderes decidiram ainda reforçar algumas medidas durante o feriado de Páscoa.

A necessidade de se implementar um lockdown mais rígido durante o feriado deixa claro que "a estratégia de reabertura das últimas semanas falhou", disse o chefe do instituto de pesquisa econômica Ifo, Clemens Fuest, ao diário especializado Handelsblatt

O chefe do Instituto Alemão de Pesquisa Econômica (DIW, na sigla em alemão), Marcel Fratzscher, afirmou que as novas regras equivalem a uma "capitulação ao vírus". Ele afirmou que a decisão é "mais uma vez um compromisso preguiçoso que permite aos responsáveis salvar a própria pele, mas faz muito pouco para deter o vírus".

O Instituto de Pesquisa Macroeconômica e do Ciclo Econômico (IMK, na sigla em alemão) da Fundação Hans Böckler também criticou a estratégia de reabertura estabelecida pelo governo no início de março, afirmando que ela "trouxe mais prejuízos econômicos do que benefícios".

"Danos duradouros e irreparáveis"

"Cresce a preocupação de toda a economia com os danos duradouros e irreparáveis", disse o presidente da Associação Federal da Indústria Alemã (BDI, na sigla em alemão), Siegfried Russwurm, nesta terça-feira.

"Enquanto outros Estados estão vacinando e testando cada vez mais rapidamente para preservar a liberdade de seus cidadãos, a Alemanha está agora impondo períodos de descanso. Somente os [países] que vacinam crescem. Uma onda de vacinação precisa passar pela Alemanha. Isso inclui ofertas de vacinação 24 horas por dia, inclusive nos finais de semana", pleiteou Russwurm.

"A decisão dos governos federal e estaduais de suspender o processo de flexibilização devido aos números crescentes na taxa de incidência também é uma expressão de sobrecarga do nosso sistema federal na luta contra pandemias", disse o chefe da BDI.

Ele afirmou ainda que a gestão de crises pelos governos federal e estaduais deveria ser mais interligada e mais fortemente baseada em constatações científicas. "Em seu caminho para sair do lockdown, a Alemanha precisa de um procedimento de vacinação ousado e corajoso que está baseado na confiança nos clínicos gerais e médicos corporativos", disse Russwurm.

Críticas ecoaram das mais diversas representações empresarias – associações que representam hoteleiros, promotores de eventos culturais e musicais, a indústria têxtil, concessionárias de veículos e agências de turismo, entre outros.

Impacto do lockdown de Páscoa à economia

Ainda não está claro quanto custará exatamente à economia alemã o lockdown de cinco dias na Páscoa, entre 1 e 5 de abril, período em que até supermercados ficarão fechados na maior parte do tempo. A estimativa gira em torno de alguns bilhões de euros.

Se a Quinta-feira Santa for tratada como um feriado, no qual a produção nas fábricas ficaria suspensa, o Instituto de Economia Alemã (IW, na sigla em alemão) estima perdas em torno de 7 bilhões de euros.

E segundo a Gesamtmetall, associação que representa a indústria metalúrgica e elétrica, a paralisação na Quinta-feira Santa custaria à indústria 4,45 bilhões de euros em vendas e 1 bilhão de euros em salários pagos sem retorno.

pv/ek (Reuters, DPA, ots)