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Computador ecológico

2 de novembro de 2007

Estudo aponta que tecnologias da informação causam mais emissões de CO2 do que a aviação civil na Alemanha. "PC e internet verdes" economizam muita energia, mas ainda não são prioridade do consumidor alemão.

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CPDs, como este em Stuttgart, têm grande potencial para economizar energiaFoto: dpa

O consumo de energia do setor de tecnologias da informação (TI) na Alemanha causou 28 milhões de toneladas de emissões de CO2 em 2004. Isso foi bem mais do que as emissões da aviação civil no país, informa um estudo recente do Ministério alemão do Meio Ambiente (BMU).

Segundo o BMU, os maiores consumidores de energia do setor de TI no país são os grandes centros de processamento de dados (CPDs), cujo consumo de energia aumenta à proporção em que cresce o número de usuários de internet e de telefonia celular.

De acordo com cálculos do Instituto Borderstep para Inovação e Sustentabilidade, de Berlim, os cerca de 50 mil CPDs alemães consumiram em 2006 aproximadamente 8,7 terawatt/hora (TWh). Isso correspondente à produção anual de três termelétricas de porte médio.

Através do consumo de energia, só os CPDs emitiram 5,6 milhões de toneladas de CO2 em 2006. Caso não aumentem sua eficiência energética, suas emissões aumentarão cerca de 50% até 2010, prevê o instituto.

Mas se fossem usadas amplamente soluções ecológicas já aplicadas pelos pioneiros do setor, de 2007 a 2010 seria possível reduzir o consumo de energia em 21 terawatt/hora (uma economia de 2,5 bilhões de euros) e, com isso, evitar a emissão de 13,6 milhões de toneladas de CO2.

Alarmismo infundado

China Internet Cafe in Peking
Uso da internet causa menos emissões do que se noticia, diz peritoFoto: AP

Alguns meios de comunicação alemães chegaram a noticiar erroneamente que os CPDs de internet causam tantas emissões quanto a aviação civil. "Isso está absolutamente errado", diz Claus Barthel, do Instituto de Pesquisas Climáticas de Wuppertal (IPCW), na Renânia do Norte-Vestfália.

Segundo Barthel, essa comparação baseia-se num estudo feito nos EUA e que abrange não só a internet, como também um amplo espectro de equipamentos de TI, entre eles, computadores, celulares, PDAs e impressoras, incluindo aí até a energia gasta na produção e na reciclagem desses equipamentos.

Barthel considera mais realistas os dados do Ministério alemão do Meio Ambiente, segundo os quais a internet é responsável por cerca de 2% do consumo de energia; a TI como um todo, por 8%. Uma projeção mundial com base nesses números da Alemanha indicaria que a internet causa emissões de CO2 equivalentes a 25% do total emitido pela aviação civil, diz Barthel.

De acordo com o Greenpeace e o IPCW, as emissões de CO2 da internet, no entanto, poderão saltar de 4 milhões de toneladas em 2001 para 20 milhões de toneladas em 2010. Nesse caso, a internet seria responsável por 3% do total das emissões de CO2. "Esse é apenas um de três cenários possíveis", ressalta Barthel, em entrevista ao site tageschau.de.

Um constatação do setor de TI é que o crescente uso da internet, combinado com computadores cada vez mais potentes, tende a aumentar o consumo de energia. Mas economizar energia não tem sido uma prioridade dos fabricantes de PCs, servidores ou telas de computador, supostamente "por falta de demanda". Economizar energia parece ainda não ser um critério decisivo para o consumidor final.

"PC verde" só para empresas?

BdT Deutschland Messe CeBIT Ein Computer für jedes Kind
Verde pelo menos na cor: um notebook para criançasFoto: AP

Um exemplo: a Siemens-Fujitsu foi uma das primeiras a lançar em 1993 um assim chamado "PC verde", capaz de economizar até a metade da energia no modo standby. Outras empresas seguiram o exemplo e hoje há uma série de selos para computadores que economizam energia ou que não contêm material nocivo à saúde.

Mas, como esses equipamentos são bem mais caros do que os convencionais, acabam sendo comprados principalmente por empresas, e não pelo grande público.

"Seria possível implementar uma série de medidas para economizar energia na área de TI, sem perda de qualidade dos produtos e serviços", afirma Barthel. Ele defende a introdução de um selo energético obrigatório para equipamentos como computador, notebook e roteador DSL, usado para acessar a internet de banda larga. (gh)