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Semana Mundial da Água

18 de agosto de 2009

Mudança do clima, escassez de água e disputas pelo precioso recurso natural são os principais temas do evento realizado em Estocolmo. O desafio é achar soluções globais, para além das fronteiras dos Estados.

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Acesso à água potável poderá gerar conflitos internacionais no futuroFoto: picture-alliance/ dpa

Mais de dois bilhões de pessoas em todo o mundo vivem sem instalações sanitárias, mas raramente se fala disso. O que também se costuma ignorar é que a água poluída pelo esgoto sanitário contribui para a propagação de doenças.

O indiano Bindeshwar Pathak declarou há muito tempo guerra contra essa situação em seu país. Em 1970, o sociólogo criou o movimento Sulabh, que se incumbiu de construir sanitários públicos compatíveis com o meio ambiente e acessíveis a moradores de favelas mediante o pagamento de uma pequena taxa.

Durante a Semana Mundial da Água, realizada de 16 a 22 de agosto em Estocolmo, Pathak é homenageado com o tradicional Prêmio da Água pelo seu trabalho de décadas.

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Modelos de sanitários públicos instalados na Índia para melhorar as condições de higieneFoto: picture-alliance/ dpa

A diretora do evento, Cecilia Martinsen, explica que na Índia existe uma cultura de esvaziar as latrinas manualmente. As pessoas encarregadas disso fazem parte de uma casta inferior na hierarquia social.

"O Dr. Pathak tem se empenhado muito para abolir esse trabalho manual, conseguindo tornar a higiene e as instalações sanitárias um tema de grande alcance na Índia", ressalta ela.

O desafio das megalópoles

A meta da Semana Mundial da Água neste ano é encontrar respostas para os efeitos da mudança global. Isso inclui inovações tecnológicas, como o sistema sanitário de Pathak, bem como a forma de lidar com a escassez de água em todo o mundo.

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Megalópole Cairo: problemas sanitários das cidades grandes se agravamFoto: DW-TV

Para milhões de pessoas residentes nos aglomerados populacionais das megalópoles, sobretudo na África e na Ásia, problemas urbanísticos relativos à canalização e ao acesso à água potável se tornaram urgentes.

Martinsen destaca a importância do intenso fluxo migratório para as cidades grandes. Problemas como o consumo de água nas áreas de grande concentração populacional, o impacto da mudança do clima sobre as sociedades, a incidência de enchentes ou secas constam da pauta do evento em Estocolmo.

"Adotamos uma abordagem mais ampla, incluindo representantes da iniciativa privada, pesquisadores, políticos ou simplesmente pessoas envolvidas de um ponto de vista técnico com o problema da água", explica Martinsen. O evento reúne aproximadamente 2 mil participantes de todo o mundo.

"Temos que abandonar a perspectiva nacional"

Um dos temas centrais da atual Semana Mundial da Água é a utilização das chamadas águas transnacionais, cujo uso é motivo de disputa entre diversos países. Rios e sistemas de nascentes não respeitam fronteiras.

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Terra santa seca: disputa pela água deverá agravar conflitos, não só no Oriente MédioFoto: picture-alliance/dpa

Mesmo assim, são raros os acordos internacionais que regulamentam o uso da água para além das fronteiras, eliminando assim motivos de disputa. O Instituto Internacional da Água em Estocolmo (Siwi), organizador do evento, elaborou propostas para prevenir conflitos desse gênero no futuro.

Anders Jägerskog, pesquisador do instituto, lembra que a tendência dos Estados é querer assegurar a água para si, ignorando o interesse de outros países. "Temos que abandonar a perspectiva nacional e passar a ver os rios como um todo. Onde seria mais lógico construir um dique, onde se poderiam resguardar áreas cultiváveis, todas essas questões... No final das contas, isso surte mais efeito do que calcular exatamente quantos metros cúbicos de água cabem a quem", comenta Jägerskog.

Água como foco da mudança do clima

Poucos meses antes da Conferência do Clima das Nações Unidas, a ser realizada na capital dinamarquesa em dezembro próximo, esta Semana Mundial da Água também se compreende como uma plataforma preparatória para as discussões sobre mudança do clima.

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Enchentes causam mortes na China, em agosto de 2009Foto: AP

Segundo prognósticos do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, órgão da ONU), o aquecimento do planeta levará a um drástico aumento de catástrofes naturais, como inundações, secas e erosão.

O número de pessoas obrigadas a abandonar seus lugares de origem por razões climáticas deverá se elevar dramaticamente nos próximos 30 a 50 anos, tornando-se motivo de novos conflitos.

Quais os sinais de alerta que poderão partir da Semana Mundial da Água, em Estocolmo? Anders Jägerskog espera poder mostrar que as mudanças climáticas têm a ver sobretudo com a água e que esse deveria ser o verdadeiro foco das futuras negociações sobre o clima.

"Espero que a Suécia, que ocupa a presidência da União Europeia neste semestre, possa exercer influência em nível europeu sobre questões como o clima, a água e recursos aquáticos transfronteiriços", afirmou Jägerskog.

Autora: Agnes Bührig
Revisão: Alexandre Schossler

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