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Seleção feminina alemã: da proibição ao sucesso

Andreas Sten-Ziemons
24 de julho de 2023

A Alemanha é uma das favoritas ao título da Copa do Mundo feminina. As bicampeãs mundiais estão entre as equipes mais bem-sucedidas do mundo – mas tiveram que lutar durante anos por reconhecimento e igualdade.

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Jogadoras alemãs se abraçam no gramado e comemoram um dos gols da vitória sobre o Marrocos na Copa do Mundo de Futebol Feminino disputada na Austrália e na Nova Zelândia.
Na estreia da Alemanha na competição, equipe venceu o Marrocos com facilidade: 6 a 0Foto: Robert Cianflone/Getty Images

Desde quando a seleção alemã existe?

A seleção feminina da Alemanha só foi oficializada junto à Federação Alemã de Futebol (DFB, na sigla em alemão) em 1982. O esporte era proibido para as mulheres na Alemanha Ocidental – diferentemente de na Alemanha Oriental, onde já era realidade desde o fim dos anos 1950.

Em 1955, a DFB havia decidido que a "arte marcial" do futebol era "essencialmente estranha" à natureza feminina e que "o corpo e a alma poderiam, inevitavelmente, sofrer danos" nas lutas pela bola, conforme a justificativa oficial da época.

A proibição foi suspensa somente cerca de 15 anos depois, porque a DFB temia que as mulheres pudessem formar a sua própria associação. Apesar do embargo, 70 partidas internacionais não oficiais já haviam sido realizadas pela seleção alemã de futebol feminino – a primeira delas em 23 de setembro de 1956 contra a Holanda.

Já integrada à DFB, a seleção feminina da Alemanha jogou sua primeira partida oficial em 10 de novembro de 1982 contra a Suíça. Sete anos mais tarde, em 1989, as alemãs participaram pela primeira vez do Campeonato Europeu.

Jogadoras alemãs exibem medalha de ouro no gramado do Maracanã após a premiação dos Jogos Olímpicos do Rio em 2016.
No gramado do Maracanã, jogadoras alemãs exibem a medalha de ouro conquistada nos Jogos Olimpícos do RioFoto: Augenklick/rscp/picture alliance

Quais são os maiores êxitos?

A seleção alemã de futebol feminino é uma das equipes de maior sucesso do mundo. E pelo menos dois desses momentos têm relação com o Brasil. Bicampeãs da Copa do Mundo, com vitórias em 2003 e 2007, as alemãs derrotaram a seleção brasileira na final que garantiu o segundo título, disputado na China.

Já nos Jogos Olímpicos de 2016, no Rio de Janeiro, elas levaram a medalha de ouro ao vencer a Suécia por 2 a 1 na final no Maracanã. Nas semifinais, as suecas haviam eliminado o Brasil, que ficou com a medalha de bronze.

Além disso, as alemãs também já ganharam o Campeonato Europeu oito vezes, sendo, de longe, a equipe que mais venceu a competição. A Noruega, que vem em segundo lugar, tem apenas dois títulos do torneio. Entre 1995 e 2013, a seleção da Alemanha conquistou seis títulos europeus consecutivos.

No âmbito mundial, a equipe é a segunda mais bem-sucedida, atrás somente dos Estados Unidos, que têm quatro títulos da Copa do Mundo. A Alemanha também é, até o momento, o único país a ter vencido a Copa e o Campeonato Europeu com as equipes feminina e masculina.

Alexandra Popp grita enquanto celebra um gol e é abraçada por uma companheira de seleção.
Alexandra Popp é o principal destaque da seleção alemã que disputa a Copa do MundoFoto: Alessandra Tarantino/AP/picture alliance

Quem são as estrelas atuais?

Em primeiro lugar na lista dos principais destaques da equipe alemã está a capitã Alexandra Popp, de 32 anos. Artilheira do VfL Wolfsburg, principal clube da Alemanha, ela já marcou 62 gols pela seleção e é quem carrega o time e assume a responsabilidade em situações difíceis.

Além de Popp, também são internacionalmente conhecidas as meio-campistas Sara Däbritz, 28 anos, que joga no Olympique Lyon, atual campeão da Liga dos Campeões, e Melanie Leupolz, 29 anos, do Chelsea, que viajou para a Copa do Mundo na Austrália e na Nova Zelândia com o filho que nasceu em setembro de 2022.

Duas jogadoras de futebol disputam a bola em uma partida entre os times alemães Eintracht Frankfurt e Wolfsburg.
Jule Brand, do Wolsfburg, em disputa com Sjoeke Nuesken, do Frankfurt (de preto): interesse aumentou pela Bundesliga femininaFoto: Christian Kaspar-Bartke/Getty Images

Qual a relevância do time na Alemanha?

Durante muito tempo, muitos torcedores alemães não tinham interesse algum pelo futebol feminino – e ainda é assim em muitos casos. Em grande parte, a atenção à modalidade só era despertada durante os grandes torneios, embora isso não tivesse um efeito duradouro na Bundesliga, o Campeonato Alemão, ou em partidas internacionais.

Isso, porém, mudou bastante nos últimos anos. Logo nas primeiras fases do Campeonato Europeu disputado no verão de 2022 no Reino Unido, houve uma febre em torno da equipe alemã.

A final, que a Alemanha perdeu para as anfitriãs, foi assistida por quase 18 milhões de espectadores, um pouco mais do que os 17,4 milhões que viram a última partida da Alemanha na fase de grupos da Copa do Mundo masculina, no Catar, diante da Costa Rica.

Diferentemente de outras competições anteriores, o entusiasmo continuou após o fim do Campeonato Europeu. Os estádios, tanto na Bundesliga quanto em jogos internacionais, estão mais cheios, e as jogadoras são conhecidas do público. "Na verdade, é um pouco maluco. Há dois anos, eu podia andar pelas ruas de grandes cidades com tranquilidade. Hoje não posso mais", disse Alexandra Popp depois da Euro.

Mesmo assim, durante um bom tempo não se tinha a certeza de que os jogos da Copa do Mundo na Austrália e na Nova Zelândia seriam mesmo transmitidos na televisão alemã. Somente depois de uma longa negociação é que se chegou a um acordo.

Por outro lado, os bônus para as atletas do futebol feminino melhoraram. Se Popp e suas parceiras de time se tornarem campeãs mundiais, cada uma receberá 270 mil euros de premiação. Um claro aumento: há quatro anos, elas teriam recebido 65 mil euros. Em 1989, quando as alemãs ganharam a Euro, a DFB deu às jogadoras apenas um conjunto de louças para café.