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Rússia lança dezenas de mísseis contra Kiev

16 de dezembro de 2022

Série de explosões derrubou fornecimento de energia e levou a população da capital ucraniana a fugir para abrigos. Outras cidades também foram atingidas.

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Uma bandeira da Ucrânia solitária tremula em meio à neve. Ao fundo, há prédios destruídos devido à guerra.
Relatos de maciços bombardeios russos foram registrados em diversas regiões da Ucrânia nesta sexta-feiraFoto: Philip Reynaers/BELGA/dpa/picture alliance

A Rússia lançou uma série de ataques com mísseis nesta sexta-feira (16/12) contra a Ucrânia, ação que atingiu mais uma vez a infraestrutura de várias regiões do país. Na capital Kiev, autoridades relataram explosões em várias partes da cidade e pediram aos residentes que se refugiassem.

"O ataque à capital continua", escreveu o prefeito Vitali Klitschko no Telegram. Mais tarde, ele acrescentou que o metrô da cidade teve os serviços suspensos, e que as estações podiam ser utilizadas como abrigos.

Klitschko disse ainda que o abastecimento de água também foi interrompido: "Devido a danos à infraestrutura energética, há interrupções no abastecimento de água em todas as áreas da capital".

O governador da região de Kiev, Oleksy Kuleba, afirmou que a Rússia estava "atacando maciçamente" a Ucrânia.

Na região central de Kryvyi Rih, no centro-sul do país, ao menos duas pessoas morreram e outras cinco ficaram feridas devido aos ataques.

"Um míssil russo atingiu um edifício residencial em Kryvyi Rih. A escadaria [do edifício] foi destruída. Duas pessoas morreram. Pelo menos cinco ficaram feridas, incluindo duas crianças. Todas estão no hospital", escreveu o governador, Valentyn Reznichenko, no Telegram.

Até o momento, não há informações adicionais sobre outros possíveis mortos e feridos.

Autoridades locais também relataram ataques à infraestrutura nas cidades de Kharkiv, no leste; em Odessa, no Mar Negro; e em Vinítsia, no centro-oeste.

O prefeito de Kharkiv, a segunda maior cidade da Ucrânia, com 1,4 milhão de habitantes, disse que "há um dano colossal à infraestrutura, principalmente no sistema de energia".

"Peço que sejam pacientes com o que está acontecendo agora. Sei que em suas casas não há luz, aquecimento e abastecimento de água", escreveu Ihor Terekhov no Telegram.

Pessoas vestindo pesados casacos de inverno estão sentadas e se aglomeram em uma escada do metrô de Kiev para se proteger de ataques de mísseis russos.
Estações do metrô de Kiev foram transformadas em abrigo para a população se proteger dos bombardeios russosFoto: Efrem Lukatsky/AP/picture alliance

Longo tempo de reparo

A Ukrenergo, empresa que opera a rede elétrica da Ucrânia, informou que, devido aos intensos ataques desta sexta-feira, o tempo de reparo do sistema de energia deve ser mais longo do que os anteriores.

"A prioridade será dada às instalações de infraestrutura essenciais: hospitais, abastecimento de água, aquecimento e estações de tratamento de esgoto", divulgou a Ukrenergo.

Logo depois dos ataques russos, autoridades ucranianas promoveram cortes de energia emergenciais em todo o país. O metrô da capital Kiev, por exemplo, deve permanecer com o serviço suspenso pelo menos até o fim desta sexta-feira.

"Devido aos danos no sistema elétrico e às interrupções emergenciais de energia, os trens não funcionarão até o final do dia de hoje", anunciou Kiev, em declaração online, reforçando que as estações continuarão servindo como abrigos subterrâneos para os civis.

Vestindo pesados casacos de inverno – nesta época do ano, a temperatura é próxima de zero grau ou muitas vezes negativa –, residentes da capital se aglomeraram nas estações, enquanto sirenes de alerta contra ataques aéreos tocaram nas primeiras horas da manhã.

"Acordei e vi um míssil no céu. E entendi que deveria ir para o metrô", disse Lada Korovai, 25 anos, moradora de Kiev.

A Rússia vem atacando a infraestrutura energética da Ucrânia desde outubro, causando repetidas quedas de energia em todo o país justamente a partir do início da época mais fria do ano.

Em Kiev, 37 de 40 mísseis teriam sido abatidos

A administração da capital Kiev divulgou que a cidade resistiu, nesta sexta-feira, a "um dos maiores ataques" lançados pelas forças russas desde o começo da invasão da Ucrânia, iniciada oficialmente no dia 24 de fevereiro deste ano.

"Cerca de 40 mísseis foram registrados no espaço aéreo da capital", informaram as autoridades regionais em um comunicado nas mídias sociais.

Desse total, os sistemas de defesa aérea ucranianos teriam derrubado 37 na área de Kiev, segundo informações divulgadas por Mykhailo Shamanov, porta-voz da administração militar da capital ucraniana.

Na quinta-feira, o Ministério das Relações Exteriores da Rússia advertiu que, caso os Estados Unidos entreguem os sofisticados sistemas antiaéreos Patriot à Ucrânia ou mesmo desloque efetivos, isso seria legitimado como um ataque às forças russas. Washington, no entanto, rechaçou a ameaça.

Bombardeios ucranianos em Lugansk

No vilarejo de Lantrativka, região de Lugansk, oito pessoas teriam morrido e 23 ficado feridas após um bombardeio ucraniano na área, que é comandada por separatistas pró-Rússia.

O administrador designado pela Rússia para a região, Leonid Pasechnik, classificou os ataques como "bárbaros".

Moscou luta para assumir o controle das regiões de Lugansk e Donetsk, no Donbass, leste da Ucrânia. Essas são duas das quatro áreas – juntamente com Kherson e Zaporíjia – que a Rússia proclamou como seus territórios após um pseudoreferendo, no final de setembro, amplamente ignorado e criticado pela comunidade internacional.

A Ucrânia, por sua vez, reforçou que o exército russo continua sofrendo grande quantidade de baixas em meio a batalhas brutais no leste.

UE aprova novas sanções

Nesta quinta-feira, a União Europeia (UE) aprovou novas sanções contra a Rússia devido à guerra na Ucrânia – apesar de algumas discordâncias de Estados-membros quanto à exportação de produtos agrícolas e fertilizantes através de portos europeus.

O Parlamento Europeu também declarou o Holodomor, a grande fome ocorrida na Ucrânia no início dos anos 30, como um genocídio cometido pela então União Soviética.

O legislativo da UE disse que "reconhece o Holodomor, a fome de 1932-1933 na Ucrânia causada por uma política deliberada do regime soviético, como um genocídio contra o povo ucraniano".

O Senado dos Estados Unidos aprovou um projeto de lei que autoriza um gasto militar recorde de 858 bilhões de dólares (806 bilhões de euros) no próximo ano, além de 800 milhões de dólares em assistência adicional de segurança para a Ucrânia em 2023, à medida que a invasão russa continue.

gb/bl (AP, AFP, dpa, Reuters)