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Rússia apoia "referendo" de separatistas ucranianos

20 de setembro de 2022

Regiões de Donetsk, Lugansk, Kherson e Zaporíjia realizarão às pressas consulta sobre anexação à Rússia, em meio a bem-sucedida contraofensiva ucraniana. Moscou declara apoio à iniciativa, enquanto Ocidente condena.

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Dois soldados de grupo separatista ucraniano em Lugansk montam guarda ao lado de um canhão e em frente a uma casa destruída
Líderes separatistas em quatro regiões da Ucrânia anunciaram quase simultaneamente a realização dos referendos sobre anexação à RússiaFoto: Stanislav Krasilnikov/ITAR-TASS/IMAGO

O governo da Rússia declarou nesta terça-feira (20/09) seu apoio à iniciativa de grupos separatistas ucranianos pró-Moscou de realizar "referendos" que poderiam abrir caminho para uma futura anexação de vastos territórios da Ucrânia pela Rússia.

Os separatistas anunciaram que as regiões de Lugansk, Donetsk, Kherson e Zaporíjia realizarão consultas simultâneas que terão início ainda nesta semana.

Os insurgentes querem apressar a realização da votação em meio aos êxitos obtidos pela Ucrânia em sua contraofensiva, que vem resultando na retomada de territórios no sul e no leste do país.

A controversa votação nas regiões ocupadas, após quase sete meses de guerra, passou a ser considerada com mais seriedade pelo presidente russo, Vladimir Putin, após a série de revezes das tropas russas.

Em ações aparentemente coordenadas, os líderes separatistas das três regiões – que juntas correspondem ao território de Portugal ou da Hungria – anunciaram quase simultaneamente a realização dos "referendos" sobre sua possível anexação à Rússia.

As autointituladas "repúblicas populares" de Donetsk e Lugansk, que Putin reconheceu como Estados independentes antes da invasão da Ucrânia, assim como Kherson e Zaporíjia, pediram a realização das consultas dentro do mesmo período de 24 horas.

A última região a confirmar o "referendo" foi Zaporíjia, que abriga a maior usina nuclear da Europa, atualmente sob controle das forças russas.

Infográfico mostra a presença de tropas russas na Ucrânia

Sem reconhecimento internacional

A Rússia segue o mesmo modelo que adotou na época da anexação da Península da Crimeia, em 2014. Um "referendo" teria resultado em 97% de apoio à seperação da Ucrânia, mas a votação jamais foi reconhecida internacionalmente.

O Ocidente e Kiev já deixaram claro que também não aceitarão o resultado dessas novas consultas.

A União Europeia (UE) e os Estados Unidos condenaram repetidas vezes a realização dessas votações, que consideram ilegítimas e fraudulentas.

Já o chanceler federal da Alemanha, Olaf Scholz, afirmou que o "referendo" está em franca violação das leis internacionais.

"Está muito, muito claro que esse referendo encenado não será aceito, uma vez que não é coberto pelas leis internacionais ou pelo entendimento atingido pela comunidade internacional", disse.

Se Moscou anexar formalmente as regiões controladas pelos separatistas, Putin estaria, essencialmente, desafiando os EUA e seus aliados europeus a arriscarem um confronto militar direto com a Rússia, a maior potência nuclear do mundo.

Donetsk e Lugansk na mira de Moscou

Lugansk e Donetsk, no sul ucraniano, e Kherson e Zaporíjia, no leste, devem realizar a votação entre os dias 23 e 27 de setembro.

O Kremlin justificou a invasão do país vizinho ao reafirmar a necessidade de "libertar" Donetsk e Lugansk, as duas províncias que formam a região do Donbass, onde a maioria da população adota o idioma russo.

"Desde o início da operação [...] dissemos que os povos dos territórios deveriam decidir por si mesmos sobre seus destinos, e a situação atual confirma que eles querem ser os senhores de seus próprios destinos", afirmou o ministro russo do Exterior, Serguei Lavrov.

rc/ek (Reuters, AFP, DPA)