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Rubens, mestre do barroco e da transformação

8 de fevereiro de 2018

Considerado uma estrela da pintura barroca, Peter Paul Rubens influenciou várias gerações de artistas. Exposição no Museu Städel de Frankfurt mostra aspecto pouco conhecido de seu processo criativo.

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Frankfurt Städelmuseum Rubens Kraft der Verwandlung
"A cabeça de Medusa", de 1617/18, faz parte da mostra sobre Peter Paul RubensFoto: KHM-Museumsverband

Com suas dramáticas pinturas em grande formato, Peter Paul Rubens influenciou como nenhum outro artista a arte barroca europeia. O Museu Städel de Frankfurt apresenta agora, a partir desta quinta-feira (08/02) e até 21 de maio, a mostra especial Rubens. Kraft der Verwandlung (Rubens. Força da transformação), em que procura mostrar um aspecto até hoje pouco observado no processo criativo do mestre flamengo.

Com cerca de cem trabalhos – entre eles, 31 pinturas e 23 desenhos de Rubens – a exposição mostra o profundo diálogo entre Rubens e obras de artistas anteriores e contemporâneos e como esse processo influenciou seu trabalho artístico durante meio século. Segundo o Museu Städel, a extensa obra de Rubens reflete as influências da escultura antiga, bem como da posterior arte italiana e do norte dos Alpes, desde os mestres do final do século 15 até seus contemporâneos.

Frankfurt Städelmuseum Rubens Kraft der Verwandlung
"O julgamento de Páris", cerca de 1639: cores vivas e mulheres voluptuosas são marca registrada de RubensFoto: Museo Nacional del Prado, Madrid

Talento conquistado

O talento de Peter Paul Rubens não veio do berço. Ele foi o sexto de um total de sete filhos do advogado Jan Rubens e de sua esposa Maria Pypelincks, ambos de Antuérpia. Uma vez que família teve que fugir na esteira da turbulência religiosa – Jan Rubens era protestante – Peter Paul veio ao mundo em Siegen, longe da cidade natal de seus pais, em 28 de junho de 1577.

Somente após a morte do pai, a família pôde voltar para Antuérpia, onde o jovem Peter Paul serviu por um tempo como pajem da condessa Marquerite de Ligne.

Guilda de São Lucas como trampolim

Frankfurt Städelmuseum Rubens Kraft der Verwandlung
Autorretrato de Rubens, cerca de 1638Foto: KHM-Museumsverband

Mas Rubens queria mais – e, mais do que tudo, ele que queria pintar. Tornou-se então aprendiz de mestres de seu tempo, como Tobias Verhaecht, Adam van Noort e Otto van Veen.

Ele tinha apenas 21 anos quando foi aceito como mestre na Guilda de São Lucas, a guilda dos pintores de Antuérpia. Dois anos depois, ele se mudou para a Itália e tornou-se pintor da corte do duque de Mântua.

Impressionado com os palácios italianos, estudou meticulosamente a arquitetura e as obras da Antiguidade, que influenciaram de forma duradoura a sua obra. Com a mãe gravemente doente, Rubens voltou para Antuérpia em 1608.

Sua reputação como um pintor de excelência já havia chegado à cidade natal – e, assim, os conselheiros municipais tentaram mantê-lo por lá: com uma enxurrada de encomendas lucrativas, com isenção fiscal e com o posto de pintor da corte dos soberanos dos Países Baixos Espanhóis, o arquiduque Alberto e a infanta Isabel. Rubens permaneceu e enriqueceu.

Oficina de Rubens: uma fábrica de pintar

A antiga residência do pintor flamengo, onde hoje funciona um museu, é testemunha da opulência em que ele viveu. No palácio de influência italiana, projetado pelo próprio Rubens em Antuérpia, encontrava-se também a oficina do artista, na qual chegou a empregar cem funcionários ao mesmo tempo.

Pois as pinturas de Rubens tinham grande demanda – tanta que, sozinho, o artista não conseguia dar conta das encomendas. Assim, ele realizava muitas vezes somente um esboço e deixava a execução para os seus assistentes. Entre eles estão nomes ilustres, como Anton van Dyck, Frans Snyders ou Jan Brueghel, o Velho.

Frankfurt Städelmuseum Rubens Kraft der Verwandlung
"Pã e Siringe", 1617/19, foi obra conjunta de Peter Paul Rubens e Jan Brueghel, o VelhoFoto: MHK, Gemäldegalerie Alte Meister/Ute Brunzel

Rubens fez as cores brilharem

Cores brilhantes, proporções felizes, figuras em movimento e, não menos importante, mulheres sensuais e voluptuosas com o clássico "manequim de Rubens" foram a marca registrada do artista. Cada vez mais, ele passou a pintar para a nobreza, entre outros para a rainha francesa Maria de Médici e seu filho Luís 13, ou para o rei inglês Charles 1°.

Rubens não se sentia à vontade somente em seu ateliê, mas também no cenário político. Como conselheiro e negociador, ele se tornou um dos diplomatas mais respeitados de sua época nas cortes de Madri, Paris, Haia e Londres, conseguindo até mesmo negociar uma trégua entre os países inimigos Espanha e Inglaterra. Nenhum outro artista esteve envolvido, através de sua arte, tão diretamente nos processos políticos de seu tempo.

Cada vez mais, ele combinava seus negócios com seus interesses políticos. Seus contatos comerciais ajudaram muitas vezes em suas missões diplomáticas e vice-versa. Na década de 1630, Rubens passou a se concentrar novamente em sua produção artística.

Em 30 de maio de 1640, Rubens morreu em Antuérpia, depois que a gota havia afetado seriamente a sua saúde nos últimos anos de vida. Ele foi enterrado na Igreja de Santiago, em Antuérpia. Após a sua morte, a esposa, Hélène Fourment, deixou que Johann Bockhorst, um assistente próximo do artista, finalizasse obras incompletas de seu marido.

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