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Combate ao racismo

21 de março de 2009

O cotidiano dos alemães não é marcado por xenofobia e racismo, mas incidentes e opiniões extremistas são suficientemente recorrentes para políticos e cidadãos se sentirem na obrigação de agir.

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Escolares alemães protestam contra racismoFoto: picture-alliance/ dpa

Em 21 de março se celebra o Dia Internacional para Eliminação do Racismo, introduzido pelas Nações Unidas em 1966. Desde o começo desta semana até o fim de março, inúmeros eventos realizados na Alemanha abordam o problema, que tendeu a aumentar nos últimos anos. O racismo no país conta com a resistência da sociedade civil e do Estado.

O balanço do horror pode ser lido no relatório do Departamento Federal de Proteção à Constituição: 17.176 delitos motivados por extremismo de direita foram registrados em 2007. Dois terços deles foram delitos de propaganda, o que inclui – por exemplo – a demonstração de símbolos inconstitucionais, como a suástica.

A categoria "atos de violência" inclui 845 agressões físicas. Estatisticamente, isso corresponde a 2,3 crimes ocorridos a cada dia em alguma parte da Alemanha. Trata-se de agressões xenófobas, antissemitas e racistas, às quais o país parece ter se acostumado.

"Racismo é encarado como algo periférico"

Em reação a isso, no ano passado o governo alemão criou um plano nacional de ação contra o racismo, que representou uma virada no combate a esse tipo de criminalidade. Com isso, a Alemanha cumpriu uma exigência da Conferência Mundial contra o Racismo, realizada em Durban em 2001.

O plano da ação inclui diversos programas e leis com objetivos nobres: democracia, tolerância, integração. Uma das iniciativas é a de apoiar quem queira se desligar de grupos de extrema direita, por exemplo.

Apesar desse empenho, o plano de ação tem recebido críticas – entre outras, por parte do Instituto Alemão de Direitos Humanos. O argumento é o plano contém muita coisa genérica e descomprometida demais. Esta é a opinião da deputada Petra Pau, do partido A Esquerda, vice-presidente do Bundestag, a câmara baixa do Parlamento alemão:

"O racismo costuma ser encarado na Alemanha como problema periférico, infelizmente também graças aos políticos. Segundo ela, não são tomadas medidas contra medidas contra o racismo no cotidiano, algo que não parte somente dos extremistas de direita, mas também se deve a decisões estruturais, à discriminação por lei. De acordo com a deputada, não se dá muita atenção no país a esse tipo de racismo cotidiano.

Xenofobia ainda propagada entre jovens

O ministro alemão do Interior, Wolfgang Schäuble, da União Democrata Cristã, considera o plano de ação uma base eficiente de combate ao racismo. Para ele, violência e discriminação devem ser combatidas através de "prevenção eficaz, incentivo e fortalecimento da coesão social":

"A disposição está aí, em todos os níveis estatais e dentro da sociedade. Por isso, tenho a confiança de que poderemos fazer progressos. Sem que o problema possa parecer inofensivo, também há avanços perceptíveis e mensuráveis. Portanto, vale a pena agir."

Isso foi o que declarou o ministro alemão do Interior há alguns dias, quando apresentou um estudo abrangente sobre violência juvenil. Nessa ocasião, Wolfgang Schäuble se mostrou "bastante assustado" com os dados sobre as posições de extremistas de direita.

Uma das revelações do estudo encomendado pelo Ministério do Interior e divulgado na última terça-feira (17/03), é a de que um a cada sete estudantes do ensino fundamental acha que existem estrangeiros demais na Alemanha.

A pesquisa feita com 45 mil jovens entre 14 e 16 anos, a mais abrangente sobre o assunto já realizada na Europa, também revela que quase 20% dos entrevistados do sexo masculino demonstram fortes tendências xenófobas e boa parte tende à extrema direita e ao antissemitismo.

Autor: Marcel Fürstenau

Revisão: Soraia Vilela