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Maioria das crianças na Ucrânia não têm energia permanente

14 de dezembro de 2022

Ataques russos a infraestruturas críticas também dificultam o acesso a água e aquecimento. Sem luz, crianças não podem assistir a aulas online, prejudicando, também, a educação.

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Pessoas em um parquinho infantil. Duas delas usam mochilas. No centro, uma panela sobre uma fogueira.
Unicef estima que 1,5 milhão de crianças correm o risco de problemas de saúde mentalFoto: Igor Burdyga/DW

As consequências dos ataques russos à infraestrutura de energia ucraniana atingem duramente as crianças no país. O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) informou nesta quarta-feira (14/12) que quase todas as crianças do país - cerca de sete milhões - não têm acesso permanente a eletricidade, aquecimento e água.

Além de estarem expostas ao frio extremo - as temperaturas podem cair abaixo de -20°C no inverno - , sem energia, elas não têm mais acesso à internet e, portanto, a aulas online - o único acesso à educação para muitas meninas e meninos, já que muitas escolas foram danificadas ou destruídas desde o início da invasão da Ucrânia pela Rússia, no final de fevereiro. 

Além disso, sem eletricidade, o contato das crianças com amigos ou parentes também é limitado, o que afeta negativamente o estado psicológico.

O Unicef estima que 1,5 milhão de crianças correm o risco de desenvolver depressão, ansiedade, transtorno de estresse pós-traumático e outros problemas de saúde mental. 

"Milhões de crianças enfrentam um inverno sombrio, de frio e escuridão, sem saber como ou quando a situação vai melhorar", disse a diretora executiva do Unicef, Catherine Russell. 

Rua sem iluminação, apenas com as luzes dos carros
Ataques a Odessa podem deixar a cidade por até três meses no escuroFoto: Ukrinform/dpa/picture alliance

A situação é agravada pelo fato de estabelecimentos de saúde não poderem fornecer serviços importantes. Com o abastecimento de água e aquecedores não funcionando corretamente, aumenta o já alto risco de pneumonia, gripe sazonal, doenças transmitidas pela água e covid-19.

A entidade começou a distribuir pacotes com roupas de inverno, aquecedores de água e geradores em localidades da linha de frente e em áreas recém-acessíveis das regiões de Kharkiv, Kherson e Donetsk.

O rigoroso inverno combinado com a perda de renda e as crises energética e socioeconômica causadas pela guerra estão tendo um impacto devastador no bem-estar das crianças e das famílias ucranianas. Os rendimentos familiares e o acesso aos serviços públicos deterioraram-se devido à destruição de infraestruturas nos cerca de dez meses desde o início da guerra. A situação é particularmente difícil para os 6,5 milhões de deslocados internos, incluindo 1,2 milhão de crianças.

Duas pessoas conversam em um parque escuro. Uma delas segura bolas com leds coloridos.
Após uma série de derrotas, a Rússia começou a atacar a infraestrutura energética da UcrâniaFoto: Gian Marco Benedetto/AA/picture alliance

Ataques russos a infraestruturas críticas 

Após uma série de derrotas e com proximidade do inverno europeu, a Rússia começou a atacar a infraestrutura energética da Ucrânia. Em nível internacional, os ataques russos ao abastecimento de energia civil da Ucrânia, que deixaram milhões de pessoas sem eletricidade e aquecimento em temperaturas congelantes, receberam as críticas mais contundentes. Apesar disso, o presidente russo, Vladimir Putin, anunciou na semana passada que os ataques continuariam.

No fim de semana, autoridades da cidade de Odessa, na Ucrânia, informaram que os reparos na rede de energia podem levar até três meses – período no qual a cidade ficará na escuridão.

A prioridade de restabelecimento é dada às infraestruturas críticas, como hospitais e abastecimento de água e aquecimento, seguidas pelo complexo militar-industrial. Em terceiro lugar vem o abastecimento crítico de locais como padarias e laticínios. Fornecer eletricidade à população civil está apenas em quarto lugar, motivo pelo qual os moradores de Odessa poderão ficar meses no escuro.

le (ots)