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Putin diz apoiar investigação sobre tortura a gays

6 de maio de 2017

Dias após a chanceler alemã Angela Merkel pressionar sobre o caso, presidente afirma que pedirá às autoridades que investiguem "rumores" de abusos e assassinatos de homossexuais na república do Cáucaso.

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Em Berlim, manifestantes pediram que Merkel pressionasse Putin sobre violênca contra gays na Chechênia
Em Berlim, manifestantes pediram que Merkel pressionasse Putin sobre violênca contra gays na ChechêniaFoto: Getty Images/AFP/J. McDougall

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, afirmou nesta sexta-feira (05/06) que apoiará uma investigação sobre as denúncias de torturas e assassinatos de homossexuais na república russa da Chechênia, dias após a chanceler federal da Alemanha, Angela Merkel, lhe pedir durante uma visita oficial que interviesse no caso.

Putin disse que pedirá pessoalmente ao procurador-geral do país e ao ministro do Interior para que cooperem com a ouvidora de Direitos Humanos, Tatyana Moskalkova, numa investigação sobre as denúncias de brutalidades cometidas contra os homossexuais no país que integra a Federação Russa.

Em abril, o jornal russo de oposição Novaya Gazeta relatou que a polícia chechena teria detido e torturado mais de cem homens por suspeita de serem homossexuais, gerando protestos em todo o mundo sobre a situação dos direitos humanos nessa república de maioria muçulmana.

O jornal denunciou ainda que as autoridades teriam pedido às famílias dos gays que realizassem os chamados "homicídios de honra". Segundo a reportagem, ao menos dois homossexuais foram assassinados por familiares e outro morreu sob tortura. Relatos na imprensa davam conta de que muitos homens gays fugiram da região para outras partes da Rússia.

Ativistas denunciam centro de tortura a gays na Chechênia

O presidente disse aceitar que a ouvidora investigue "rumores, por assim dizer, sobre o que está acontecendo no norte do Cáucaso com pessoas de orientação não tradicional".

Moskalkova havia adotado inicialmente a argumentação oficial de que não havia queixas de vítimas. Nesta sexta-feira, entretanto, ela afirmou que deveria haver meios mais eficientes para as pessoas relatarem abusos ao deixarem a Chechênia.

Pressão internacional

Na terça-feira, em entrevista coletiva ao lado de Putin, Merkel pediu a intervenção do homem-forte do Kremlin. "Mencionei os relatos negativos sobre o que acontece com os homossexuais na Chechênia, e pedi ao presidente que exerça sua influência para que sejam respeitados os direitos das minorias", disse.

Ministros do Exterior do Reino Unido, França, Alemanha, Holanda e Suécia enviaram uma carta ao seu homólogo russo, Sergei Lavrov, pedindo o fim das perseguições aos homossexuais na república do Cáucaso.

O líder checheno, Ramzan Kadyrov, rechaçou as denúncias e chegou até a negar que eles existissem na região.

"Na sociedade chechena não há o fenômeno chamado de orientação sexual não tradicional. As pessoas vivem há milhares de anos seguindo leis diferentes, ditadas por Alá", afirmou. Ele, porém, se diz "disposto a cooperar estreitamente" com Moskalkova.

Kadyrov já foi acusado de abusos dos direitos humanos na Chechênia e de governar o país como um território dominado pela máfia.

RC/ap/afp