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Punição de blogueiro Badawi tensiona relações teuto-sauditas

8 de março de 2015

Vice-chanceler federal alemão, Sigmar Gabriel, critica em Riad severidade da pena contra o ativista, que prevê mil chibatadas. Liderança saudita rechaça "interferências externas" e insiste em imparcialidade da Justiça.

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Sigmar Gabriel e rei Salman em RiadFoto: picture-alliance/dpa/Bernd von Jutrczenka

Após seu encontro com o rei Salman da Arábia Saudita, neste domingo (08/03), o ministro alemão da Economia e Energia e vice-chanceler federal alemão, Sigmar Gabriel, confirmou que a situação do ativista Raif Badawi está afetando sua missão diplomática e comercial em Riad.

Na véspera, Gabriel encontrou-se com o ministro saudita das Finanças, Ibrahim al-Assaf, com quem abriu o encontro da Comissão Econômica Teuto-Árabe.

Quase 80 representantes do empresariado alemão, sobretudo do setor energético, acompanharam Gabriel até o Golfo Pérsico para o evento. Segundo o Departamento Federal de Estatísticas da Alemanha (Destatis), o comércio entre a Alemanha e a Arábia Saudita alcançou 10 bilhões de euros em 2014, a maior parte em exportações alemãs.

Entretanto Gabriel mostrou estar ciente de que no momento é sobretudo o destino do blogueiro, cuja vida possivelmente se encontra em perigo, que está sendo acompanhado de perto na Alemanha, na Europa, nos Estados Unidos.

"Severidade incompreensível"

Por se engajar pelos direitos civis em seu país, conclamando seus compatriotas a partilhar opiniões sobre o papel da religião, o criador do site Liberais Sauditas Livres, de 31 anos, Raif Badawi foi julgado por insultar o islã. Além de ter que cumprir dez anos de prisão, no início de janeiro ele recebeu em público as primeiras 50 chibatadas das mil a que foi sentenciado.

Portador de diabetes, ele dificilmente sobreviverá à punição, originalmente programada para ser executada ao longo de 20 semanas, mas que já foi adiada devido ao estado de saúde precário do ativista saudita.

Raif Badawi Website-Gründer aus Saudi Arabien
Açoitamento de Raif Badawi foi suspenso por razões médicasFoto: privat

Antes da reunião com o rei e primeiro-ministro saudita, Salman bin Abdulaziz, Gabriel prometera chamar-lhe a atenção para que a severidade da pena de Badawi é "inconcebível para nós, e obviamente irá tensionar as relações bilaterais". O político social-democrata alemão também disse que pediria a libertação do advogado do blogueiro, condenado a 15 anos de prisão.

"Surpresa e consternação" saudita

O governo em Riad fez sua primeira menção oficial ao caso Badawi neste sábado, por ocasião da chegada do ministro Gabriel, declarando "surpresa e consternação" pela cobertura da imprensa internacional a respeito. O reino "não aceita qualquer interferência em seus assuntos internos", e seu Judiciário é "imparcial e independente", declarou um porta-voz do Ministério do Exterior saudita.

A visita de Gabriel ao país árabe também ocupou as manchetes devido às exportações de armas alemãs para a região do Golfo, um tópico delicado para grande parte da opinião pública da Alemanha. Um inquérito parlamentar recente, exigido pela oposição alemã, revelou que nos últimos anos a Arábia Saudita tem sido um cliente-chave da indústria armamentista do país.

Entre os principais temas na pauta oficial da missão comercial de Gabriel constam parcerias potenciais no setor de energia renovável: a Arábia Saudita é quase tão rica em sol e vento quanto em termos de reservas de petróleo. Também são discutidas estratégias para combater o grupo terrorista "Estado Islâmico" (EI).

AV/ap/afp/dpa