1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Prédio de mais de 20 andares pega fogo e desaba em São Paulo

1 de maio de 2018

Edifício ocupado de forma ilegal por mais de 100 famílias, pertencente à União, é consumido pelas chamas. Pelo menos uma pessoa morre. Temer comparece, mas deixa local às pressas, hostilizado.

https://p.dw.com/p/2wyFO
Sao Paulo Brasilien brennendes Hochhaus
O prédio, pela manhã, após o desabamento: edifícios ao redor também foram atingidosFoto: picture-alliance/dpa/A. Penner

Um prédio de 24 andares pegou fogo e desabou na madrugada desta terça-feira (01/05) no centro de São Paulo, deixando ao menos um homem morto. Há outras quatro pessoas desaparecidas, e não se descarta que o número de vítimas suba.

O incêndio começou por volta de 1h30, no quinto andar. Segundo moradores, um botijão de gás teria explodido. Cerca de 160 bombeiros chegaram a ser deslocados para apagar as chamas e na tentativa de encontrar sobreviventes.

Com mais de 10 mil metros quadrados, o edifício no Largo do Paissandu pertencia à União e era ocupado por um grupo de sem-teto - cerca de 150 famílias viviam ali em situação precária.

No momento do incêndio, aproximadamente 90 famílias estavam no prédio. A pessoa que morreu estava sendo resgatada por uma corda de aço quando houve o desabamento.

"O prédio foi invadido, e parte desta invasão foi financiada e ocupada por uma facção criminosa", disse o ex-prefeito de São Paulo e pré-candidato ao governo estadual João Doria (PSDB) ao jornal Folha de S. Paulo, sem dar mais detalhes.

O incêndio começou por volta de 1h30, no quinto andar, e logo consumiu o prédio
O incêndio começou por volta de 1h30, no quinto andar, e logo consumiu o prédioFoto: picture-alliance/dpa/Sao Paulo Fire Departement

Segundo ele, durante sua gestão, houve várias tentativas de desocupar o prédio e realocar os moradores para outra habitação, sem sucesso. O atual prefeito, Bruno Covas, disse que a prefeitura não pode ser culpada pela tragédia.

"A prefeitura não pode ser acusada de se furtar à responsabilidade", afirmou. "Só neste ano, desde fevereiro, fizemos seis reuniões com moradores, alertando sobre os riscos." 

O presidente Michel Temer esteve no local do desastre, mas saiu às pressas após ser hostilizado, sem responder a perguntas de jornalistas.

"Não poderia deixar de comparecer aqui em São Paulo, sem embargo dessas manifestações, prestar apoio, Defesa Civil e ajuda do governo federal estão à disposição", disse, em meio a gritos de protesto de moradores. 

O fogo se espalhou rapidamente durante a madrugada e atingiu um edifício vizinho, que foi evacuado e, de acordo com os bombeiros, corre risco de desabar.

Pelo menos três quarteirões foram isolados para o trabalho das equipes. Entre as construções que foram também danificadas pelas chamas está a Igreja Martin Luther, primeira paróquia luterana da capital, inaugurada em 1908.

O desastre chama atenção para a questão da habitação, problema crônico da maior cidade da América do Sul. Não existem dados oficiais, mas levantamentos independentes estimam que São Paulo tenha até 25 mil moradores de rua.

Enquanto a população na cidade cresce, em média, 0,7% ao ano, o número de moradores de rua aumenta 4,1% em São Paulo. Levantamento de 2017 da Secretaria Municipal da Habitação apontou que mais de 130 imóveis estavam ocupados por sem-teto na cidade. 

RPR/ots

----------------

A Deutsche Welle é a emissora internacional da Alemanha e produz jornalismo independente em 30 idiomas. Siga-nos no Facebook | Twitter | YouTube | WhatsApp | App | Instagram