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Pressionada pelas urnas, Merkel admite erros

19 de setembro de 2016

Após perdas sofridas pela CDU em eleições regionais, chanceler federal alemã assume parte da responsabilidade e reconhece falhas em relação à crise de refugiados. "Se pudesse, voltaria no tempo para me preparar melhor."

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Angela Merkel
Foto: picture-alliance/AP Photo/M. Sohn

Após seu partido, a União Democrata Cristã (CDU), sofrer um novo revés eleitoral, desta vez na cidade-Estado de Berlim#, a chanceler federal alemã, Angela Merkel, falou numa "derrota amarga" e assumiu parte da responsabilidade pelo resultado nesta segunda-feira (19/09).

A CDU foi a segunda mais votada no pleito deste domingo, atrás do parceiro de coalizão Partido Social-Democrata (SPD), mas caiu 5,7 pontos percentuais na preferência dos berlinenses e alcançou apenas 17,6% – o pior resultado do partido em Berlim desde a fundação da República Federal da Alemanha.

Em entrevista coletiva, Merkel falou sobre o momento difícil vivido pela CDU, após as recentes eleições regionais em Mecklemburgo-Pomerânia Ocidental e Berlim. Ela reconheceu que erros foram cometidos durante anos em relação à política para refugiados, assumindo parte da responsabilidade como chefe do partido e de governo.

"Se eu pudesse, voltaria no tempo para, ao lado do governo federal e de todos os responsáveis, me preparar melhor para a situação [crise de refugiados], que nos pegou despreparados no fim do verão de 2015", declarou a chanceler.

Merkel afirmou que vai se esforçar para melhorar a situação, se um dos motivos para as perdas sofridas pela CDU foi o fato de o objetivo e a direção de sua política de refugiados não terem ficado claros o suficiente.

Ela reiterou que a solução para a crise de refugiados não virá de um dia para o outro – "também porque nós não fizemos tudo corretamente nos últimos anos". E afirmou que a Alemanha "não foi campeã mundial" em termos de integração de estrangeiros e esperou demais para se preocupar com os refugiados.

A chanceler federal destacou que não usará mais com tanta frequência a frase que se tornou o slogan de sua política de refugiados, "Nós vamos conseguir". A frase, disse Merkel, foi alvo de tantas interpretações que se transformou "num lema simples, em quase uma fórmula vazia".

Merkel afirmou ainda ter consciência de que a questão da acomodação e de vagas em cursos de idioma para refugiados ainda deixa a desejar e de que a integração ao mercado de trabalho é um grande desafio. Segundo ela, o combate às razões para a fuga dos migrantes é a principal tarefa pela frente, e, para isso, a União Europeia (UE) precisa adotar uma linha conjunta.

"Situação nunca foi tão difícil"

Horst Seehofer – governador da Baviera e filiado à União Social Cristã (CSU), partido-irmão da CDU – afirmou que a "situação nunca foi tão difícil para a União [CDU e CSU]". Os dois partidos, disse, precisam urgentemente superar diferenças e definir uma linha comum.

"Temos um grave problema", afirmou Seehofer, referindo-se aos reveses sofridos nas urnas e apontando que estes não foram causados apenas pela política de refugiados. A União precisa apresentar respostas para a segurança interna, assim como para as políticas fiscal e econômica.

Horst Seehofer, governador da Baviera
Seehofer: CDU e CSU precisam superar diferençasFoto: picture-alliance/dpa/D.Karmann

Seehofer rechaçou acusações de que, ao se desentender com a CDU, a CSU foi a responsável pelas perdas sofridas nas urnas.

O partido de coalizão SPD, por sua vez, acusou a União pelas perdas sofridas pelos sociais-democratas. A legenda foi a mais votada em Berlim, com 21,5%, mas registrou uma queda de 6,8 pontos percentuais em relação à eleição anterior, em 2011.

Se CDU e CSU brigarem permanentemente sobre a política de refugiados, então, a coalizão de governo também transmite a mensagem "de que não sabe para onde caminha", disse o chefe da bancada do SPD no Parlamento, Thomas Oppermann, nesta segunda-feira.

O destaque da eleição regional em Berlim foi o partido populista de direita Alternativa para a Alemanha (AfD), que obteve 14,1% dos votos. Com isso, a AfD entrou em mais um parlamento regional alemão, o décimo de um total de 16. O partido é o principal crítico da política para refugiados da grande coalizão.

Em relação ao avanço da legenda, Merkel disse: "Às pessoas que têm medo dos estrangeiros, só posso dizer: a Alemanha não se deixará abalar em seus fundamentos". A chanceler federal disse estar confiante de que o país sairá fortalecido desses "tempos complicados".

LPF/dpa/rtr/ots