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Presidente do Peru demite primeiro-ministro

19 de dezembro de 2022

Dina Boluarte justifica medida como parte da reestruturação ministerial que visa apaziguar os ânimos no país, tomado por protestos contra o governo que já deixaram 23 mortos.

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Boluarte e Angulo fazem juramente em frente a bandeiras peruanas
Boluarte e Angulo na posse do primeiro-ministro, em 10 de dezembroFoto: Guadalupe Pardo/AP/picture alliance

A presidente do Peru, Dina Boluarte, anunciou neste domingo (18/12) a demissão do primeiro-ministro, Pedro Angulo, como parte da restruturação ministerial que ocorrerá até terça-feira.

A saída de Angulo ocorre apenas dez dias após sua posse e depois da renúncia dos ministros da Educação e Cultura, que deixaram o governo em meio aos intensos protestos que assolam o país e já deixam mais de 20 mortos.

Boluarte era vice-presidente até o início do mês, quando seu antecessor, o ex-presidente Pedro Castillo, foi destituído do cargo e depois preso por tentar dissolver o Congresso, em uma tentativa de golpe de Estado.

Desde que assumiu a Presidência, o governo de Boluarte foi abalado por turbulência política e protestos generalizados, que pedem, entre outras coisas, sua renúncia, a liberdade de Castillo, eleições antecipadas e o fechamento do Congresso.

Ao anunciar a saída de Angulo, Boluarte disse que procura para o cargo de primeiro-ministro uma pessoa que tenha conhecimento da parte técnica do cargo, mas que seja "um pouco mais político" para poder enfrentar o descontentamento social e construir pontes de diálogo.

"Ninguém pode ter um ministro que aprenda no trabalho", disse Boluarte. "Este é um governo de transição, precisamos agir rápido", disse no sábado.

No mesmo dia, Boluarte descartou a renúncia e pediu ao Congresso que reconsidere a votação para antecipar as eleições. Na véspera, os parlamentares rejeitaram um projeto do executivo para antecipar o pleito para dezembro de 2023.

Toque de recolher

No domingo, o governo de Lima decretou toque de recolher noturno obrigatório por cinco dias na província de Huamanga, na região de Ayacucho, depois de protestos na última semana terem resultado em nove mortos.

Na quinta-feira, o governo já havia ordenado toque de recolher noturno para mais 15 províncias de oito dos 24 departamentos do país.

Um dia antes, o Peru havia decretado estado de emergêncianacional por 30 dias para tentar controlar os atos de vandalismo e de violência cometidos nas manifestações.    

Manifestante colocam fogo e pedras em estrada
Estradas e até aeroportos foram fechados por manifestantesFoto: Miguel Gutierrez/REUTERS

Durante o estado de emergência ficam suspensos os direitos constitucionais relativos à inviolabilidade do domicílio, à liberdade de circulação no país, à liberdade de reunião e à liberdade de segurança pessoal.  

De acordo com número oficiais, 23 pessoas morreram nos protestos em diferentes zonas do país. O Ministério da Saúde peruano informou, ainda, que 77 feridos continuam hospitalizadas.

Piores protestos em anos

Os protestos são os piores a atingir o país andino em anos e ameaçam prejudicar a economia e a estabilidade política, além de prejudicar a confiança dos investidores no segundo maior produtor mundial de cobre. Estradas e até aeroportos foram fechados por manifestantes.

Castillo frequentemente batia de frente com o Congresso, que realizou dois julgamentos de impeachment malsucedidos contra ele. Depois que o ex-presidente tentou dissolver o Congresso, um terceiro pedido de impeachment foi aprovado de forma esmagadora.

Agora, Castillo deve permanecer em prisão preventiva por 18 meses, enquanto está sob investigação por rebelião e conspiração.

le/cn (Reuters, Lusa, ots)