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Presidente da Polônia vai enfrentar prefeito em 2° turno

28 de junho de 2020

Chefe de Estado ultraconservador não obtém votos suficientes para se reeleger no primeiro turno. Segundo analistas, oposição liberal tem chances reais de vencer na próxima rodada, o que enfraqueceria governo.

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Presidente polonês, Andrzej Duda
Presidente polonês, Andrzej Duda: campanha baseada em valores tradicionais e em ataques à comunidade LGTBFoto: Reuters/K. Pempel

O presidente da Polônia, o conservador nacionalista Andrzej Duda, liderou a votação das eleições presidenciais realizadas neste domingo (28/06) no país, de acordo pesquisas de boca de urna. Ele, entretanto, não deve conseguir a maioria absoluta dos votos, necessários para sua reeleição no primeiro turno.

Ele deverá concorrer num segundo turno, dentro de duas semanas, contra o prefeito de Varsóvia, Rafal Trzaskowski. Duda conseguiu 41,8% dos votos, Trzaskowski obteve 30,4%, segundo primeiras projeções.

A participação dos eleitores foi alta, apesar da pandemia de coronavírus. Até as 17h (as urnas fecharam às 21h, horário local) quase 48% das pessoas habilitadas a votar haviam ido às urnas, segundo as autoridades eleitorais. Na eleição presidencial de 2015, a participação era, no mesmo horário, de 34%.

No início da noite, Duda agradeceu o apoio de seus eleitores em evento na cidade de Lowicz. Em discurso diante de seus seguidores, afirmou ser importante que o país seja liderado da forma que a maioria da população deseja. Ele parabenizou seu adversário Trzaskowski por chegar ao segundo turno.

Trzaskowski disse aos seus apoiadores em Varsóvia que o resultado mostra que uma alta porcentagem de poloneses deseja mudar. "Ainda temos a chance de vencer", disse, afirmando que no segundo turno das eleições presidenciais será decidido se a Polônia terá um presidente que vigia atentamente o que o governo faz ou alguém que não tem respeito pela própria assinatura.

A eleição também foi considerada uma espécie de referendo sobre a política do partido governista, o nacionalista Lei e Justiça (PiS), que desde 2015 conseguiu eleger o presidente e tem maioria na câmara baixa do Parlamento. Um segundo mandato de Duda pode reforçar o monopólio do poder do partido até a próxima eleição parlamentar, em 2023.

O cargo de presidente na Polônia polonês não é puramente representativo. O chefe de Estado participa do gerenciamento da política externa e de defesa do país. Ele também não somente pode bloquear leis com seu veto, mas também sugerir projetos de legislativos.

Trzaskowski representa o maior partido da oposição, o liberal-conservador Plataforma Cívica. Sua vitória no segundo turno pode trazer sérias dificuldades para o governo ultraconservador do PiS, já enfraquecido depois das últimas eleições, quando perdeu a maioria no Senado.

O oposicionista já anunciou que, se eleito, reverterá a controversa reforma judicial promovida pelo governo. Analistas creem que o segundo turno será acirrado, e que o candidato oposicionista tem reais chances de vencer.

A eleição foi originalmente agendada para 10 de maio, mas teve que ser adiada devido à pandemia. Nos locais de votação, vigoraram estritas regras de distanciamento, muitos eleitores usaram máscaras protetoras.

Duda fez campanha usando uma agenda social conservadora, prometendo salvaguardar os valores familiares tradicionais no país predominantemente católico. Ele apoia a legislação antiaborto e repetiu os ataques do PiS aos direitos da comunidade LGBT e a valores liberais.

Já Trzaskowski se tornou, como prefeito de Varsóvia, um reconhecido defensor do casamento entre pessoas do mesmo sexo e dos direitos LGBT. Ele promete mudança, embora muitos considerem seu partido como fraco e ineficaz.

Desde que chegou ao poder, o PiS alimenta tensões com a UE e provocara repetidos protestos de rua no país devido a leis controversas e a um projeto de reforma judicial visando dar ao partido o controle sobre os principais tribunais e outros órgãos judiciais importantes.

Enquanto o PiS insiste que as mudanças são necessárias para eliminar a corrupção judicial, os críticos e a UE afirmam que elas corroem a independência judicial e a democracia apenas três décadas depois que a Polônia abandonou o comunismo.

MD/afp/dpa/ap/rtr

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