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Premiê do Mali renuncia após massacre étnico

19 de abril de 2019

Em meio à violência tribal e protestos pelo assassinato de 160 pastores da etnia fulani por comunidade rival, primeiro-ministro malinês, Soumeylou Boubeye Maiga, demite-se junto a todo seu gabinete.

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USA Premier Soumeylou Boubeye Maiga in New York
Soumeylou Boubeye Maiga pede demissão junto a todo seu gabineteFoto: Reuters/E. Munoz

Quatro semanas após o ataque brutal a um vilarejo no centro do Mali, o governo liderado por Soumeylou Boubeye Maiga apresentou sua demissão ao presidente do país, Ibrahim Boubacar Keita.

"O presidente aceita a renúncia do primeiro-ministro e dos membros do governo", disse o gabinete do presidente em comunicado divulgado na quinta-feira (18/04).

O sucessor de Maiga "será nomeado muito em breve" após consultas entre "todas as forças políticas da maioria e da oposição", acrescentou.

A violência causada por diversos conflitos internos no Mali deixou cerca de 260 mil refugiados e deslocados no país africano, onde 3,2 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária, segundo advertiu no início deste mês o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA).

No mês passado, militantes jihadistas mataram ao menos 23 soldados num ataque a um acampamento do Exército no vilarejo de Dioura. O ataque foi reivindicado por uma facção chamada de Grupo Al Qaeda de Apoio ao Islã e aos Muçulmanos (JNIM). Muitos de seus membros pertencem à etnia fulani.

Os fulanis são tradicionalmente criadores de gado, em longa rivalidade com o grupo étnico dogon, que se concentra na caça. Menos de uma semana após o ataque de Dioura, prováveis membros da comunidade dogon praticaram, no último dia 23 de março, um massacre no vilarejo de Ogossagou, povoado por fulanis, matando cerca de 160 pessoas em aparente ato de retaliação. Gestantes, crianças e idosos estavam entre as vítimas.

A instabilidade que afeta o Mali começou com o golpe de Estado de 2012, quando grupos tuaregues rebeldes, junto a organizações jihadistas, tomaram o controle do norte do país durante dez meses.

Os jihadistas foram teoricamente expulsos em 2013, graças a uma intervenção militar internacional liderada pela França, mas extensas áreas do país, sobretudo do norte e do centro, escapam do controle estatal.

Pelo menos 87 mil civis se viram obrigados a deixar suas casas no norte e no centro do Mali nos primeiros três meses deste ano, para fugir da violência que abala essas regiões do país africano.

O Mali também se transformou numa área perigosa para os soldados das Nações Unidas, uma vez que 119 capacetes azuis da ONU morreram e outros 397 ficaram feridos em ataques de grupos violentos desde 2013.

CA/rtr/afp/efe

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