Porto Rico eleva para 2.975 número de mortos por furacão
O número de mortos nos meses subsequentes ao furacão Maria, que atingiu Porto Rico no ano passado, foi elevado oficialmente pelo governo local de 64 para 2.975 pessoas nesta terça-feira (28/08).
O número de mortos foi alterado após estimativas divulgadas pela Escola de Saúde Pública do Instituto Milken, da Universidade George Washington. Os pesquisadores realizaram uma comparação entre a mortalidade prevista em circunstâncias normais e as mortes contabilizadas depois da passagem do furacão Maria, em setembro de 2017, e nos cinco meses subsequentes, até fevereiro de 2018.
"Falta-nos uma cultura de preparação", afirmou Carlos Santos-Burgoa, professor de saúde global e principal autor do estudo. Os ventos de 240 quilômetros por hora varreram a ilha e causaram danos materiais estimados em 90 bilhões de dólares. Grande parte de Porto Rico ficou sem eletricidade por meses.
"A preparação e o treinamento inadequados de funcionários para comunicação em situações de crise e emergência, somados a inúmeras barreiras a informações precisas e fatores que aumentaram a geração de rumores, diminuíram a percepção de transparência e credibilidade do governo de Porto Rico", observou o relatório.
"Os entrevistados disseram que não receberam informações sobre como atestar mortes durante ou em condições criadas por um desastre", afirmou o estudo.
Santos-Burgoa acrescentou que a instabilidade financeira e uma infraestrutura frágil deixaram a ilha caribenha particularmente vulnerável a eventos climáticos.
O governador de Porto Rico, Ricardo Rossello, anunciou imediatamente o aumento da contagem oficial do número de mortos com base no estudo da Universidade George Washington.
"Embora seja uma estimativa, estamos oficialmente mudando o número de mortos", disse. "Vamos considerar o número de 2.975 como a estimativa oficial do excesso de mortes como resultado do furacão."
O estudo também concluiu que o risco de morte era 45% maior para pessoas que viviam em "municípios de baixo desenvolvimento socioeconômico" e que os homens com mais de 65 anos apresentavam um risco elevado contínuo de morte.
Rossello afirmou que pretende formar uma comissão para implementar as recomendações do relatório e criar um registro das pessoas mais vulneráveis a tempestades futuras – como idosos, pacientes em hospitais ou em hemodiálise.
Um estudo anterior realizado por pesquisadores da Universidade de Harvard estimou o número de mortes subsequentes ao furacão Maria em 4.645. Por outro lado, o relatório de Harvard refletiu a opinião do estudo da Universidade George Washington ao notar que os números "enfatizam a desatenção do governo dos EUA à frágil infraestrutura de Porto Rico".
PV/rtr/ap
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